domingo, 1 de agosto de 2010

Boas Noites Acabam Em Péssimas Manhãs

Estava cansado de mais uma semana de trabalho, acordar cedo para dormir. Essa rotina entediante já tinha tomado boa parte da minha resistência ao álcool e eu precisava recuperá-la. Sexta à noite, um maço de cigarros, uma boa vodka, um telefonema. Os minutos seguintes são de aflição, até que a campainha toca. Em meio àquela fumaça rala e cancerosa vi uma salvação para meus vícios:

- Essa é sua casa?

-É onde eu durmo – respondi seco como minha garganta em busca da vodka

A noite acaba voando com muitas conversas que não vale à pena se citar. O fundo daquela garrafa já denunciava o que estava por vir. Não houve misericórdia. Nada naquela mesa permaneceu intacto. Derrubei cada copo, o cinzeiro cheio de bitucas e um jarro com flores, a despi quase que ao mesmo tempo em que a arremessei na mesa. Arranhões, diria rachaduras, deixavam em carne viva a vontade dos desesperados. Os gritos acordavam até os deuses que estavam a descansar. Todos pararam para ver aquela cena, o mundo viu que não tinha farsa. E só então acabou.
O Sol já nascia quando a endorfina ainda tomava conta. O álcool misturado com a nicotina também fazia seu trabalho. O que sobrou para nós foi só a rouquidão e a troca de olhares.
Pisquei mais uma vez, acordei só. Procurei-a por toda a casa e não vi rastro da sua desordem. Nem as bitucas, nem a garrafa. Olhei o maldito calendário. Era segunda e foi tudo um sonho de domingo.

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