quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

12 horas

Depois de morrer mais uma vez eu continuei a andar. Os óculos escuros escorregavam no nariz suado. O lábio caído dava a expressão do cansaço. A fome me fez parar umas 2 ou 3 vezes. Dessa vez o pedinte comia. Me sentir menos humano. Ando chegando aos meus limites. Não como todo jovem que bebe até esquecer. Minha droga é a realidade. Eu ando meio dia, sem comer, com sono e sem dinheiro. This is my drug. As outras drogas são só para passar o tempo da próxima fome mais rápido.

Estava quase em casa quando o corpo começou a falhar. Eu GRITAVA comigo mesmo. Rezava para não ter uma overdose de fome. Meu pai provavelmente sentiria vergonha de ler isso. Ele sempre tentou me dar o melhor. Sorry dad, eu só gosto das coisas degradantes. Talvez seja hipócrita da minha parte. Obviamente eu comi quando cheguei em casa. Aquele menino não...

Depois que a fome foi embora, a dor voltou...

11 horas

Estava quente. Estava quente para caralho. A barriga roncava e lembrava-me do menino do semáforo. Nunca fui tão humano. Uma mensagem cortou minha solidão, que virou tristeza e agonia. Esqueci-me do suburbano e continuei andando pensando nos meus problemas mundanos. Fiz a curva e sentei em baixo de uma árvore. O calor da pobreza foi levemente desossado pela brisa e pelos ar condicionados dos carros chiques que passavam.

Nada daquilo me parecia importante. Como se não fosse o bastante a fome e o sono, eu me peguei em baixo da sacada dela. A dona da mensagem, a dona da história. Minhas pernas não respondiam e eu não consegui sair dali. Não conseguiria nem se nevasse e um banquete estivesse servido. Nenhuma comida me satisfaz mais. Nenhuma dose, nenhuma droga e nenhuma dor me satisfaz. Nem a fome do menino e a alegria do trocado me fizeram sorrir. I'm not a man, I'm a thing...

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Para Caio

Por mais que ele negue, é um cara muito sensível. Percebe coisas tão escondidas nas pessoas que você nem vai acreditar. Aquele jeito brincalhão e o corpo forte são apenas um disfarce, seu interior é puro, e porque não delicado [olhe, não me levem a mal].

Sei que eu acho ele a palavra PROTEÇÃO materializada. Não é porque é um rapaz bem maior que a gente, meninas. É que ele sempre me protegeu mesmo. Quando éramos guris, lerdos e metidos a adultos, ele me acompanhava em tudo e me aconselhava. Eu sempre com as opiniões muito firmes, ele sempre querendo me fazer mudar de ideia.

Ele QUASE me convenceu a dar meu primeiro beijo, imaginem! Mas não, essa era uma decisão só minha, ora [mentira, eu que era teimosa demais]. Ele costumava ser um amigo muito, muito próximo, dessas amizades que vocês não veem entre meninos e meninas daquela idade [geralmente rola um eeeeeecaaa!]. Talvez ele não tenha consciência do quanto foi importante pra mim naqueles tempos porque eu nunca disse.

Acho uma pena que com o passar dos anos as coisas tenham mudado um pouco, mas me parece que é assim mesmo que nossas vidas vão se desenrolando. Eu fiquei muito feliz quando soube que ele estaria presente nas minhas manhãs outra vez! Ele sabe das coisas, e acho que as vezes nem imagina a importância que tem pra tantas pessoas.

Por exemplo, achei um absurdo ele ter se esquecido de um fatídico dia de quando éramos primeira série, ou segunda, e eu caí e minha boca sangrava e sangrava...

[OBS.: Caio É engraçado]

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Você pode ouvir os meus "hum" e "entendo", você pode achar que estou interessada, você pode até ver que o meu âmbar brilha e que minhas pupilas se dilatam, mas você nunca vai saber se estou de fato prestando atenção.

Os olhos são meus e você não está dentro da minha mente. Eu posso brincar de perder e recuperar o foco, ou de ter visão de raio-x e atravessar objetos. Dentro da minha cabeça estou segura, mesmo com os fantasmas.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Esse texto não é nem metade do que você merece...

"Meus amigos são antigos como meus ideais..." - Emicida

Você me viu crescer. Você assistiu de arquibancada metade do que eu sou. A outra metade você construiu. Cortou na hora de cortar. Gargalhou na hora de chorar... Dizem que os melhores amigos têm que se ver chorando. Eu nunca te vi chorando. Você também nunca me viu chorando, mas era para você que eu corria quando a lágrima secava. Acho que eu vou correr agora...
Você me viu parando de comer Mc Donalds, odiando metade do que você adora. A gente tinha tudo para ser inimigo, mas a gente não está nem aí para o que deveria ser. Eu devia me vestir melhor e você ouvir música boa.
É muito difícil escrever para você. Eu sempre te digo tudo na lata. Sem metáforas e arrudeios. Então vamos fazer do nosso jeito:

V.A.: - Eu te amo seu filho da puta! Me dê um abraço logo!
C.M.: - Sai daqui seu viado!!
V.A.: - Você não me ama não?
C.M.: - Ama, ama... (Amo seu preto, só não quero demonstrar... Eu sei que você sabe)

A vida é simples. Ela não é boa, mas a gente dá um jeito parceria...

A UFS vai ser tão sem graça sem você para me irritar... Eu queria ter te dado menos cola...

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Sol põe-se

Sol nasce do chão.
E o no chão ele se põe...

Nós podemos realizar coisas extraordinárias
Viver coisas fascinantes
E mesmo se elas saírem do chão
Elas vão voltar para o chão...

Remember: Everyday the sun gets down, no matter how you want...

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Sol nasce

Eu chorei quando fui durmir.
E acordei sorrindo,
Acordei em ver que a vida é mais que a noite
Que cada nascer do Sol é um novo dia.

Engraçado como as coisas que a gente já sabe
Causam tanto impacto quando a gente sente.

Remember: Every sunrise is a new day.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

eu não to nem aí

Por Arnaldo Baptista:

Eu não tô nem aí pra morte
eu não tô nem aí pra sorte
eu quero mais é decolar toda manhã!!!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

ausência

O que eu sentia era raiva. Misturei com ansiedade, com medo, com tristeza, mas era raiva. Raiva daquelas que se sente quando não dá pra entender. Porra, por quê? Que raiva, que raiva! Por quê? Tudo gritava na minha cabeça, me arranhava por dentro do peito, eu precisava gritar. Agora. Espere, olhe ao redor, agora não dá, você está no meio da feira, no meio do povo, você não pode atirar o que está segurando na mão, guarde no bolso, agora, guarde. Guardei, e a raiva não explodiu.

Eu a engoli mais uma vez. E - sorte a minha! - não me escapou nada pelos olhos hoje. Parece que tudo congelou. Congelou! Meus olhos ficaram frios, muito frios, a cabeça meio pendida pro lado, eu não piscava, não via nada, os braços ao longo do corpo, as pernas meio tortas, eu não piscava, congelada. Muda.

Algumas unidades de tempo, e pronto, descongelei.

[Engoli, uma hora vou ter que vomitar]