quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

ressaca

Saí do trabalho com vontade de beber. Passei no supermercado e me senti independente quando entrei na fila com um pack de cervejas e mais nada. Coisa de mulher que mora sozinha -ou de homem. Cheguei em casa, tomei um banho gelado e sentei no meu habitual lugar da varanda. Queria ficar bêbada.

Depois de algumas cervejas, a campanhia tocou. Eu já estava indo dormir, não era tão cedo. Ou é engano, ou esses porteiros estão ousados demais, nem me ligaram. Perguntei quem era. Sou eu, Helena. Pedro? Hesitei por frações de segundo antes de abrir a porta. O que ele quer comigo a essa hora? Aliás, pergunta idiota. A pergunta certa é "por que estou abrindo a porta?".

Meus olhos de âmbar estavam arregalados de surpresa - fazia muito tempo desde a última vez, coisa de um ano ou dois. Os dele estavam misteriosos, como sempre. Seu corpo todo era incerteza, mas só pra disfarçar. Ele sabia bem o que queria: roubar um pouco de Helena. Ia me beijar. Agora. Tentei deixar o âmbar frio, gelado, cruel, era minha única resistência. Ele não se intimidou. Me segurou pelo corpo inteiro ou só pelo cabelo, não lembro.

Caminhava daquele jeito estranho, angustiado. Já sei que sou sua válvula de escape. Mesmo que a gente não diga nada - e quase sempre a gente não diz nada - existe alguma coisa em mim que o muda, que o vira do avesso. Eu sempre deixo algo bom nele e fico sem esse pedaço em mim. Ele é egoísta. Ele se alimenta de mim, das minhas roupas jogadas pelo chão, das minhas entranhas. Está angustiado e vem roubar o meu ar.

Roubou meu cheiro e deixou o dele. Roubou a desordem planejada dos meus cabelos. Confundiu as minhas pernas, amassou meus lençóis, perdeu meu pijama. E eu me perdi no movimento ritmado, nas respirações pesadas, nas energias que movem o universo. Me perdi naquelas cores, até. Não lembro.

Lembro que acordei e Pedro tinha ido embora. Dormi bêbada e acordei bêbada e com dor de garganta, de choro preso. Fui pra varanda fumar um cigarro e beber outra cerveja. Me certifiquei se a porta estava bem trancada, porque aqui ele não entra mais.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Não demora

Eu.
Eu não espero.
Eu não finjo dor.
Eu perco vontade de ser.
Nesse singelo poema em degradê.
Faço a escada para você subir, degrau.
Sobe essa escada, estou em cima olhe eu lá em cima...

Homens menores

Poetas são homens menores
Descrevem o sentimento mais puro e nobre
O mais sujo e podre
Mas quando sentem, quando devem expressar-se
Falta-lhes palavras.
Hoje eu entendi porque um gesto vale mais que 1000 palavras...

Ah! Deus, me faz escrever com os olhos
The world needs to see what I see
Desculpe Senhor, eu esqueci que Você não é tão perfeito
A ponto de inventar essas palavras...

sábado, 18 de dezembro de 2010

TV

Eu vi um casal na TV.
A saudade então desabrochou
Desci as escadas do prédio para gritar
Um grito tão rouco
Que quem deveria ouvir
Continuou dormindo...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

fato

"Não sei se depois que a gente fizer um auê
um grilo poderá pintar"


[Por Mopho - A geladeira]

sábado, 11 de dezembro de 2010

Meus heróis já se foram
Meu ódio se conformou
Eu ri ao ouvir um velho dizer:
O amor acabou.

O ódio que acabou.
As coisa boas não se conformam
Tomara que o amor não vire produto.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Negra

Por mais negra que seja
Minha raiz e meu interior
Minha poesia é branca

É branca de descolorir,
É um simples quadro
A letra é meu pincel
E tal como Da Vince
Eu invento meu código

Minha poesia é parda,
Ela é pintada de minha cor
Minhas experiências são pardas
Meu Deus é Pardo

Ei, sabe de uma?
Minha poesia é negra
Não de raiz, não de interior
Minha poesia é negra porque ela arranha
Negra é a cicatriz que minha poesia deixa...

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

solidão

Nas minhas andanças pelo mundo, andei observando o comportamento de certos humanos. Até comentei com algumas pessoas, mas nem sempre elas veem as coisas como eu vejo. Ou então não acham importante, vai saber.

Estava olhando pessoas em restaurantes - não que eu seja uma vouyer maluca nem bisbilhoteira - e percebi que muitas delas, ao comerem ou beberem, não compartilham do mesmo pedido. Triste. Parece que existe um abismo profundo e intransponível ali. Custa pedir a mesma coisa, ter a mesma energia? Talvez muito de vocês discordem e até me digam o quanto a liberdade de expressão é importante. Eu sei que é. Inclusive, sou uma das primeiras a levantar essa bandeira.

Não quero dizer que ter diferentes preferências é empecilho pra boa convivência. Muito pelo contrário, o choque de opiniões é fundamental pra dinamizar qualquer tipo de relação. Seja entre pais e filhos, irmãos, namorados... mas custa sair com a mesma intenção, com o mesmo propósito?

É muito ruim ter um bando de amigos e encher a cara sozinho. Não tem a menor graça pedir a pizza mais alternativa do lugar se sua mãe não vai provar também. E quando o rapaz vai à churrascaria encher o rabo de comida, ele não espera que sua menina fique só na saladinha.

Espero que eu não entre em contradição com as minhas próprias convicções. Não estou dizendo que um deve mudar o outro - esse é um dos atentados mais covardes contra a personalidade alheia. O que quero que vocês enxerguem é a solidão, mesmo quando se está acompanhado.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Involuntariamente

Minha vida é um riff
Aqueles do Rage Against
Que fazem você balançar a cabeça involuntariamente.

Involuntariamente é o jeito que respiro,
mesmo porque senão fosse
Não estaria vos escrevendo

Involuntariamente é o jeito como vivo
Sorry if you can't arrest me.
I'm free for nature

Involuntariamente I see..

domingo, 5 de dezembro de 2010

Tentem ler até o fim...

Agora eu entendi porque nenhum governo melhorou a educação do país. Por causa da guerra. O talibã latino é desorganizado. A Al Quaeda carioca não tem um general. Por isso eles perderam a guerra, porque não tiveram aulas de história. Os homens bombas da favela desceram do morro atirarando a torto e a direito. Que merda! Pensa seus bandidinhos de merda. Vocês podiam dar muito mais trabalho para o Nascimento.

Cuidado asfalto. O Napoleão do morro um dia nasce. O Hitler negro um dia cresce. Quando ele descer com sangue na boca, uma tropa e ódio de branco eu não vou querer estar em baixo.

Para quem vive no inferno a guerra é uma rotina. A bala rasgando o céu do meio-dia é monótona. Para quem toma tiro todo dia, um ponto 40 faz cosquinhas. Vocês tão fomentando o ódio e não tão vendo. No futuro não vai adiantar Afroreggae, CUFA, o evangélio... Quando essa porra estourar de vez o asfalto vai virar favela. Vocês estão preparados para morar em morros?

"ô seu político! nóis num quer aula não. nóis tem pena de vocês. esconde Karl Marx de nóis seu político. esconde as tática das guerras mundias de nóis seu político. de uma coisa a gente já sabe: Gente na guerra só serve para morrer. A gente já está acostumado."

"A favela virou vitrine, mas o favelado não virou produto." Emicida

sábado, 4 de dezembro de 2010

aos amiguinhos


Resolvi deixar um pouco a melancolia dos ultimos escritos de lado. Peço que me perdoem se tenho sido pesada demais, eu mesma reconheço o chumbo que estava carregando. Foi algo que não pude controlar, e tinha que exteriorizar de alguma forma.

Mas vamos ao que interessa: vim aqui pra falar dos amiguinhos!!

Acho que todo mundo já se deu conta que ontem foi o último dia das nossas vidas escolares [olha, eu realmente não acho que alguém vai pro assistente]. Isso é tão paradoxal. Ninguém aguentava mais assistir à aula nenhuma, e ao mesmo tempo não queria deixar de ver a galera todos os dias! A felicidade - e o alívio também - é acompanhada de tristezinha porque o terceiro ano não volta mais.

Esse ano foi tão incrível! A gente saiu pra caralho, se divertiu pra caralho e ainda sobrou tempo pra estudar [ou não]. É estranho perceber que cada um agora vai seguir seu caminho, em cursos diferentes, universidades diferentes, talvez até cidades diferentes, não sei.

Talvez a gente não encontre mais algumas pessoas por aí, mas a nossa cidade é muito pequena, crianças! Muitos de nós, inclusive, moramos perto demais um do outro. E não estamos no início do século passado, cuja comunicação dependia de cartas e de um pouco de sorte. Podemos sim sair, continuar fazendo tudo que fazíamos antes, só não dá mais pra ter aquele "apoio moral" na sala de aula.

Espero continuar vendo muito de vocês com frequencia. Não quero tomar nenhum susto depois de passar uns dez anos sem ver alguém. Vai que o magrelinho tá gordo, a tímida tá gostosona e a gostosona tá feia! Dá medo.

Amigos, boa sorte! No vestibular, na vida nova, em tudo. Vamos entrar nessa vida nova com o pé direito.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Texto perfeito

Filosofava em uma cadeira com o encosto quebrado, fazendo a coluna transpirar. Pensava na formula do texto perfeito. A metaliguística pura e aplicada. No seu pensamento de texto perfeito, todo bom texto tinha que ter um final impactante.

Tinha acabado de escrever sua biografia. Não pensava em nenhum final perfeito. Aí então ele se matou, o final mais que perfeito. O problema é que ninguém teve a decência de escrever por ele...

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

É minha parceira a gente ficou em primeiro. A cerveja parece mais gelada, o sorriso mais sincero, mas na verdade ainda tem gente que não passou. Tem gente que nem liga para a UNIT (inclusive eu). Tem gente que deu parabéns desafiando a gente a repetir o feito na UFS. Tem gente que não pode rir. Tem gente que sabe que não vai passar na UFS e não tem dinheiro para cursar outra faculdade.

Pensando por esse lado ficar em primeiro nem é tão legal assim...

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Ela

Não tente decifrá-la, você não vai entendê-la. Não lhe pergunte por quê. Aliás, é melhor você não perguntar nada, a menos que não a olhe nos olhos. Você não vai querer olhá-la nos olhos. Aqueles olhos frios e sem fim, de poço amaldiçoado, que despertam curiosidade e pavor - ninguém jamais conseguiu se safar do magnetismo que eles exercem. Não os procure.


Ela é muito cordial, e procura avisar quando vai aparecer. O aviso geralmente vem em forma de energia muito densa, muito sufocante, que se concentra nos arredores da casa escolhida. Às vezes, uma coruja passa piando muito alto minutos antes dela chegar. Mas todos nós somos suscetíveis a imprevistos, não é mesmo? Com ela não é diferente: surge um novo compromisso que a faz desistir de aparecer.


Ela contorna os imprevistos com certa ansiedade, por isso fica meio estabanada. Esquece de avisar e já vai entrando na casa de outra pessoa, ou no carro, ou a aborda no meio da rua e a carrega sem a menor cerimônia. Nem lhe dá tempo de tirar no avesso aquela camisa, nem de consertar a resistência do chuveiro, de comer a última refeição preferida, ou de dizer "Adeus" ao porteiro do prédio. Tudo ficou fora do lugar, mesmo (estátuas). Essa é a sua face mais cruel e mal-educada.


Eu disse, antes, que não era pra você procurar aqueles olhos, mas tem gente por aí que é muito audaciosa. Vou, então, mudar um pouco o meu conselho e dizer pra você não ser igual a essa gente! Esse povo tem coragem de chamá-la pra jantar! E se ela não aparece, chamam de novo! Como pode? Até parece que eles não sabem que ela vai sempre chegar. Ela é muito ocupada, mas um dia ela chega.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Não é o cigarro, nem o álcool...

Me disseram que eu só escrevo sobre cigarros e alcool.
Mas fazer o que se não tenho dedos de violonista?
Não tenho um grande cérebro, não tenho alma de artista
Muito menos sei falar outra língua...

Não tenho muito dinheiro, mal uma carteira
Não tenho boas roupas, nenhuma que me caiba
Não tenho músculos e me sobra melanina...

É meu amigo, eu acho que o que me resta
São minhas histórias, meu alcool, meu cigarro e uma dose de café

(essa eu realmente espero que vocês tenham entendido)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

conversinha

Daí eu falei qualquer coisa sobre ele estar no hospital por causa de uma gripe forte, e escutei [juro que não esperava]:

- Você já foi lá pra conversar com ele?

Mas essas palavrinhas foram ditas com uma convicção tão profunda! Pareciam querer me advertir sobre o perigo de não dizer o que é preciso.


[Você diz o que é preciso?]

sábado, 20 de novembro de 2010

Silêncio

O silêncio é medida de comprimento

Quantos silêncios um mendigo tem que percorrer
para fazer uma refeição?
Quantos silêncios são necessários
para me fazer pensar?
Quantos silêncios você já percorreu?

Mas, talvez, o pior silêncio seja
O silêncio que eu tenho que percorrer para chegar na tua boca...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

desigualdade

Estava sentada no banco direito do carro e nem ouvia aquela música do rádio. Só xingava muito na mente por ter acordado cedo - como eu odeio acordar cedo! - e meus olhos passeavam pelo mundo fora da janela.


Então olhei pra calçada e um homem de pernas bem finas comia despreocupadamente seu biscoitinho água e sal com café. Ainda sentado em papelões que provavelmente lhe serviram de cama na noite passada, ele tinha aqueles olhos estranhos. Olhos de quem tem fome, mas já não sabe de quê. Olhos de quem quer sair dali, mas está cansado demais.


Será que sobra nele espaço pra uma crise existencial? Um monte de gente vive em crise existencial.


Pensei na minha cama macia, no meu banho quente, no meu café-da-manhã colorido e nas unidades de tempo que perco chorando na varanda. Tive vontade de dizer "Bom dia" pro homem, mas o semáforo ficou verde.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Finaly died

Minha vida tem ficado muito não-poética... A cidade tem ficado cada vez mais colorida e minha poesia é em tom de preto e branco. Eu parei de gostar da fumaça e passei a gostar mais do calor da tragada, do estalo do fumo queimando. Até o reggae que fazia minha janela vibrar hoje está mais para um dub roots.

I'm not changed. I have finaly died.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

estátuas

- Doutor, eu tenho pânico quando vejo uma.
- Uma o que, meu filho?
- Estátua.
- E por que? Você acha que vai virar uma?
- Não doutor, eu tenho medo que os outros virem. Tenho pânico só em imaginar alguém congelado pra sempre, sem responder nunca mais. Tenho medo da morte, doutor, e não é da minha. [tenho medo, na verdade, daqueles olhos frios]

soldados

nossas meninas estão longe daqui
e de repente eu vi vc cair
não sei armar o que eu senti
não sei dizer se vi vc ali

quem vai saber o que vc sentiu?
quem vai saber o que vc pensou?
quem vai dizer agora eu que não fiz?
como explicar pra vc o que eu quis


-Legião Urbana-

[sei que Legião é super clichê, mas às vezes essa música passeia demais na minha mente]

sábado, 13 de novembro de 2010

Reflexo

O Sol já nascia quando eu acendia o último cigarro da noite. Lembrava dos tempos em que aquilo era sinônimo de felicidade ou de sucesso expressados em propaganda. Hoje, degradação. Mas eu não ligo. Brincava com o reflexo do meu isqueiro. Fazia ecoar o riscado. Só entende quem já fez...

Não me entendam mal, mas eu já tenho que ir. The last cigarette is the best. I just smoke the last ones.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

amor

Bem no segundo que antecede o beijo, quando o tempo congela e depois derrete, ele me disse que eu tinha olhos de ressaca.
Mas não eram de cigana oblíqua e dissimulada.
Refletiam - bem no fundo - aquela garrafa e meia de vinho barato que bebi ontem.

Adeus, romance.

Think about it...

O capitalismo, em sua definição, é ateu.
Don't pray guys, don't be that selfish...

A miséria corre dos felizes

Eu costumava escrever sobre a sarjeta, os amigos que fiz nela... O meio fio, o meio do chão, o meio da rua. Eu estou feliz. Mais que merda! Eu parei de abraçar esses velhos amigos, parei de até de me suicidar! Eu acho que o meio fio sente falta das minhas gargalhadas forçadas que me faziam sentir dor de garganta no outro dia. O meio do chão sente falta do meu queixo roçando nas pedras quase acendendo meu cigarro. E o meio da rua... Ah! o meio da rua... Esse chora ao me ver passar sem dar-lhe ao menos um olá. O meio da rua que inúmeras vezes me viu dançando e gritando com uma garrafa na mão. O meio da rua que já me ajudou a voltar para casa tentando parar de se mexer para eu não cair...

Meus velhos amigos sentem minha falta... Que pena companheiros, a cachaça que um dia me fez rir perdeu para a carne e a palavra que insiste que eu me despeça de vocês...

"Me dá meu copo que já era!" - Vida loka - Racionais MC's

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Preto e negro

Sem mais devaneios apresento-lhes meu vício
A censura fechou a porta
Olha que eu estava apenas no início
Do que um dia chamariam de obra-prima

Meu vício, sem lápis no olho
Roupa rasgada ou canto sujo
Meu vício, sem cigarros ou álcool
Meu vício sem declínio

Meu vício sem preto
Sem negro, sem tinto ou rosê
Meu vício simples e só você...

Você e seus vícios...

Freedom

Liberdade não se ganha, se tem...
Quando eu ainda era jovem minha mãe me disse para eu não decepcioná-la. Ela dizia que eu tinha conquistado a confiança e, consequentemente, a liberdade. Desculpa mãe, eu nasci livre. Eu não preciso ter liberdade. Ela está aqui dentro. Mesmo preso num quarto, trancado junto aos conservadores, eu tenho a mente livre. Eu não preciso voar para sair do chão...
Nada pode tirar minha liberdade... Eu escrevo, isso por si só já me dá asas... Se não tem caneta eu bebo!

Alegria

Andei de recesso. Minhas palavras esvairam-se aos muitos sorrisos que tenho dado. Talvez a alegria seja a tristeza tão grande que não me deixa escrever. É isso! A alegria é a mais profunda das tristezas... Por que mais choraríamos de alegria?

"Eu te dou meu coração como resgate
Aí ficamos em empate
Poderia me xingar, me bater, me difamar
Mas roubar o meu Blue Label foi pior que uma punhalada no peito..." Meu precioso -Vivendo do Ócio

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

decisão

Gustavo estava na fila do supermercado, esperando sua vez. Segurava uma caixa de hambúrgueres congelados, um pacote de pão e um pack de cervejas importadas. Era mais de meia-noite e ele podia muito bem pedir um sanduíche por telefone, mas as paredes daquele apartamento sufocavam-no. Precisava de ar fresco. É. Brisa da noite. É. Por isso foi andando.

De tempos em tempos, o número do painel eletrônico mudava indicando o caixa livre. Fazia um sonzinho irritante, mas não importava muito. Gustavo segurava forte uma das cervejas e fitava o nada sem piscar. Sentia suas pupilas dilatando e perdendo o foco, mas não queria piscar ainda, estava ocupado, estava pensando. Piscou. Era sua vez. O toque suave do senhor atrás dele o arrancou dos seus devaneios: "Rapaz! Sua vez!". Ah.

Pagou, mas não conseguia parar de pensar. Compro ou não compro? E foi ao banheiro porque lá dava pra viajar um pouco sem ser notado, daí podia tomar a decisão. Só queria dormir pesadamente, não precisava de muitos comprimidos. Compro ou não compro? Descansou a garrafa na pia, mas quando foi lavar as mãos, obviamente, derrubou-a. O brilho dos cacos de vidro era como ímã. Não piscou, só pegou um pedaço pontiagudo e perigoso e correu pra uma das cabines.

Sentou no vaso com a tampa fechada, fitando o objeto sedutor. Lexotan ou Rivotril? Teve vontade de cortar a palma da mão esquerda, como fizera acidentalmente quando criança. Lexotan? Ia cortar só um pouquinho, só uma dorzinha, nem queria sangue. Rivotril. É. Encostou a parte mais delicada do fragmento e nem doeu. Quase nem sangrou! Olhou pro pé e o cadarço estava desamarrado. Merda!

No mesmo segundo, desesperada, entra naquele ambiente com luz branca demais, uma menina chorante e ofegante. Ela deu um suspiro contido e nem sei se percebeu a portinha fechada. Sua angústia contrastava com a tristeza vazia do rapaz. Ele jogou o caco no lixo e enxugou as mãos na bermuda. Ouvia ela aspirar profundamente e coçar o nariz fungando alto. Levantou bem rápido, piscou várias vezes, sacudiu a cabeça, amarrou os sapatos e foi pra casa comer.

domingo, 31 de outubro de 2010

libertação

Nunca vai existir a liberdade plena. A sensação de ultrapassar os limites é enganosa, porque sempre vão aparecer outros em seguida pra você se esbarrar, ou uma mão pra te puxar. Sabe quando uma criança pequena se aproveita da distração mínima da mãe pra sair correndo com um sorriso de satisfação no rosto, e é bruscamente resgatada pelo braço? Já teve um dos típicos sonhos freudianos, nos quais você tenta alcançar desesperadamente a porta no fim de um corredor (sem fim) de pisos quadriculados, e acorda? Conhece a constatação obscura de vazio quando alguma coisa termina?

A liberdade é de mentira. E talvez o limite seja a morte, e não o céu.

Por enquanto eu brindo à libertação forjada, que me encanta e me sossega.

sábado, 30 de outubro de 2010

O cigarro que me faz viver é o mesmo que me mata. Não por causar moléstias das quais a dor é tamanha que eu nem posso imaginar. O cigarro me mata por matar você dentro de mim. Meu suicídio não pode te envolver. Matar você dói que matar 100 de mim. Eu queria que você me entendesse. You just keep me warm, I can't live in cold. Neither all cigarettes in the world nor all cups of coffe I could drink makes me warm this much.

I'm a slave.

"Believe me I can play all the games, but I don't wanna play."

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

eu nasci de novo

Minha vista ainda está um pouco embassada. As lágrimas do meu choro não foram embora e o tapa do maldito médico ainda me faz gritar. Nasci da dor. Uma mão chorosa e egoísta que de herança só vai me deixar a própria tristeza. Quer me ensinar a não confiar em ninguém, mas eu sou corpo fechado. Eu não quero aprender.

Meu suicídio foi adiado. O quão engraçado pode ser isso? I really need some cigarettes.

"Pour myself a cup of coffee full of sober nights
Because nicotine and cafeine are my friends in this fight" Keep me warm - Ida Maria

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

ponto de vista

vc pode desbravar
ou ser envolido
vc pode ser desbravada
ou envolver

tudo depende do ponto de vista.

domingo, 24 de outubro de 2010

I charm and tell you
of all the boys I hate
all the girls I hate
all the words I hate
all the clothes I hate
how I'll NEVER BE
anything I hate

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Chorem

Todo bom choro se segue de uma boa reticencia. O silêncio que concretiza a dor e liquefaz em forma de lágrima. Toda boa lágrima se segue de uma língua. A língua que lambe o sal e para não perder viagem lambe o lábio. Toda boa língua se segue de uma mão que aperta e amassa como se fizesse um carinho, mas na verdade faz desgraça. Toda boa desgraça se segue de uma voz ofegante e de testas encostadas.

Chorem...

boa poesia

Eu pensei em escrever quatro versos
Uma boa metáfora para deixá-los concretos
A rima que faz a boca cortar
Esquece eu estou feliz demais para chorar...

Toda boa poesia termina em choro...

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

pernas

Os pés têm um contato bem sutil, quase imperceptível, assim como os joelhos. Pra lá, pra cá. Pra lá, pra cá. Eles também tocam levemente o chão, flutuam como se não tivessem a massa do corpo inteiro pra segurar. Às vezes eles se afastam, mas logo suas pontas se procuram, suaves.

As partículas de ar agora se movem de outro jeito, então os pés acompanham a tendência. As pernas também acompanham, têm vida própria. Primeiro inseguras, se esbarram. Depois, muito mais certas do que fazem, marcam o compasso e se cruzam, se cruzam. O pé esquerdo segue o outro, que é o pé direito do outro. Às vezes eles se afastam, mas se procuram com muita urgência. Não se confundem.

Sim, a música está ainda mais frenética e excita os tímpanos. O sangue flui no mesmo ritmo, levando as pernas. Pernas incansáveis, pernas desvairadas. Elas giram e são amparadas, se jogam no ar e se recolhem, tocam o chão com muita força. Elas pesam, mas não conseguem parar. Não podem parar. Não se afastam.

Então, subitamente, o ar congela. Quem roubou o som? Quem sugou toda a luz? Por que as pernas pararam? Quem as empurrou para um tubo de ensaio tão apertado? Não, nunca!

Não importa, não vão parar. Elas dobram e esticam, dobram e esticam, chutam, se expandem. E correm muito, pra muito longe, porque não podem parar. Primeiro o calcanhar depois a ponta dos dedos na grama molhada e a liberdade... As aparências são desnecessárias, assim como a coerência da coreografia, e também as roupas.

O vento, a umidade, o escuro, a tontura, o formigamento, o desejo. Agora as pernas se confundem. Não pesam mais.

sábado, 16 de outubro de 2010

I drink my mirror

Me peguei bebendo só. Brindando com o espelho. Conversando com meus próprios pensamentos. Loucura ou vício? Both.
Frases de efeito em inglês zunem na minha cabeça, me deixando atordoado. Meio cadente por causa do álcool.
Eu cortei minha mão. Consegui brigar com meu próprio reflexo. Quem mandou mostrar o que eu sou. Um solitário, inescrupuloso e bêbado sociopata. Me disseram que eu mudei. Se eu não tivesse mudado vocês não teriam nem me conhecido. Um brinde ao meu alcoolismo que me proporciona felicidade. É tão fácil quanto ler a mão de alguém com sangue passando pelas linhas.

"Don't take my beer, you can't let me sober..." Don´t take my beer - Black Drawing Chalks

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

abrir as portas

Por que os que fogem da realidade são tão mal-interpretados?
Fracos, lunáticos, ameaças à moral e aos bons costumes.

Se a mente é infinita e cheia de possibilidades, o pensamento não pode esbarrar na parede do crânio e voltar.

Além do mais, o tempo e os espaço são meus.
Eu permaneço nesse tubo de ensaio se eu quiser.

I could draw a picture

I looked at the mirror and a could draw. Maybe two pictures.

The first one, an old man with a write machine, a cigarette on the corner of the mouth. Writing facts of your life with a smile in the face, remembering the crazy things that he had already done. His face is all mess up. Scars all over the place. The chest is open. His hearth almost stopping, beat easy. That black chest was waiting the last word, the last swallow, the last smoke, the last breath.

The second one is a boy. With a squared shirt, a cigarette in one ear and a hole in other. A gun in one hand and a bottle of red wine and other. That boy is that old man.

Nothing more to say about him. I prefer talk about me in the future. If I get there.

“Have you been drinking son? You don’t look old enough to me…” – Riot van – Arctic Monkeys

My life is a friday night

Nós não sabemos onde pode começar. Muito menos onde termina. Mas sempre existe a possibilidade do sono chegar.

Minha vida é uma sexta-feira à noite. I can drink and smoke without think on tomorrow but it always comes. Always. The tomorrow comes everytime. My Friday ends in a Monday morning. Don’t feel sorry for me. When my Monday ends. My Saturday starts. Envy me ass suckers!

" Não se esqueça que a vida é boa! Ela é foda! Pode até faltar uma engrenagem na roda... Eu estou sempre a caminhar junto com meu orixá e ele vai me acompanhar pra onde eu andar." Sempre a caminhar - De leve

sábado, 9 de outubro de 2010

More coffe please...

Mais café. Eu preciso ficar acordado. Minha vida tem se passado enquanto eu durmo. Se ao menos eu sonhasse...

De minha vida real faço meu sonho de cada dia. Cada pedra de meu caminho faço um pesadelo de qual solução é simplesmente acordar. Uma dose de epinefrina seu dotô! Meu coração tende a parar. Quando mais feliz mais devagar. Ele é pequeno para tanta alegria. Mas pára de brigar seu dotô. De viciar só o trago depois do lanche. A labuta na tábua do bar...

Me bate na cara seu dotô. Desculpe por depois te atacar. É porque eu preciso continuar a sonhar... Mas a gente precisa dormir né seu dotô?

Cancela o café e me manda um suco, bem forte, de maracujá. Vou ter que parar de sonhar e voltar a morrer...

"Um minuto anda a mais, agora tanto faz." - Justamente - Mombojó

Odisséia

Era uma vez,
de tanto correr cansou
E foi... Feliz para sempre.

(não estou copiando Marcela. Só foi uma inspiração!)

"De vez em quando eu esqueço a importância de lutar" - Novo dia - Ponto de Equilíbrio

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

passagem


Muitos já escreveram sobre o quanto a vida é breve e sobre o medo da morte. O medo de ir sem ter aproveitado. Outros, desejam a morte. Escrevem sobre a paradoxal saudade que sentem dela, ou sobre como seria bom se chegasse logo (meus caros leitores talvez se recordem de célebres autores da nossa literatura). Eu sei é que certas angústias pairam como moscas na cabeça de todo mundo, pelo menos em algum período da existência do indivíduo, e se ele não tem o hábito de escrever, fala pro espelho.

A minha não é exatamente a morte. Talvez porque eu nunca tenha perdido alguém próximo. Talvez. O que me consome de verdade é a passagem do tempo. Não que eu ache envelhecer seja algo terrível, ou que a minha preocupação seja com o corpo, que ficará cada vez mais limitado. Eu tenho medo é de me perder. De não me lembrar de quem eu era, de não fazer mais sentido pra mim mesma.

O que hoje é importante daqui a dois minutos pode não ser. E não digo isso porque é clichê. É constatação avassaladora, daquelas que a gente tem vendo um filme, ou sei lá. Tenho certeza que eu não sou a única no universo a ter percebido que um dia a gente deixa de ser o que era. Às vezes é bom, às vezes é cruel, mas é incontrolável. Todo mundo sabe disso. A vida vai voando bem nas nossas fuças. Alguns não dão importância, mas eu dou.

Não queria ter perdido a beleza da infância. Sinto falta do tempo em que tinha um mundo encantado na cabeça – eu acho que ainda o tenho, mas ele anda me fechando as portas - e achava que dentro do semáforo havia pequenos soldados de chumbo escolhendo as cores. Queria poder ter conversas com animais e brinquedos e ter a certeza de que eles estavam me respondendo – e aqui me refiro às certezas das crianças e não dos esquizofrênicos. Queria ter de novo a sensação que o dia era loooongo, quase eterno, e que eu nunca ia ficar como aqueles adultos malucos, chatos e estressados.

Eu não tinha consciência de que aqueles sentimentos um dia iam se perder, mas hoje tenho. Daí vêm o pavor e a ânsia. Medo de ficar adulta e me esquecer de tantas sensações boas que carrego por esses tempos. Ah, adolescência! Coragem pra arriscar. Ousadia pra seguir os instintos, as vontades. Rebeldia sem causa, tantas vezes. Sonhar com os pés pisando em nuvens. Tudo tão fácil - ou nem sempre - e tão imediato. A loucura, as experiências... Será um dia nada disso vai fazer sentido? Vai parecer absurdo ou inalcançável? Oh, mundo cruel.

Tenho que guardar tudo numa caixa mágica e engolir, porque quando eu precisar do que tenho de melhor, vou saber onde procurar.

Ou fica velho ou morre cedo, dizem por aí.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Tenha pena de quem não sente

Eu acabei de ouvir o novo cd de Ponto de Equilíbrio. It's great. É THC em forma de som. Eu fico sem palavras para descrever the posive sensation that I felt. The positive vibration that made my body swing, and swing. Selassie bless the reggae! The Dub is the flow. The ragga is the roll. I'm just and sinner. Jah is the truth...

" O som do meu tambor não faz mal a ninguém
Deixa RUFAR! " - Ponto de Equilíbrio - Reggae de terreiro

O jogo vira

É simples xadrez. Eu estou cansado de tomar check. Meu rei só cambaleia, cambaleia. É hora de virar o jogo. Simples. É só girar a mesa. Caio é um péssimo xadrista. Caíque pode ser muito violento mas o jogo dele tem dado certo. Eu te avisei para não jogar com as peças erradas...

Espere o xeque-mate como um leão embaixo de uma árvore. Saiba que por mais que a batalha seja longa o único e mais ferido sempre é o mais fraco...

"O bonde dos amigos invadindo o bonde dos irmãos
Tanta guerra para nada! Para nada!" O que eu vejo - Ponto de equilíbrio

domingo, 3 de outubro de 2010

drama da noite

"And you woke up together not quite realising how
Oh but he's stretching and yawning
It's always hard in the morning

And I suppose that's the price you pay
Oh it isn't what it was
She's thinking he looks different today
And oh there's nothing left to guess now

Quick, let's leave, before the lights come on
'Cos then you don't have to see
'Cos then you don't have to see
What you've done"

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

''Não tem classe social para ser FILHO DA PUTA pode ser patricinha, playboy, mendigo pastor o que importa é conduta.'' - MAG

Eu fui alvejado por uma bala

Que projétil frio e metálico espera minha efêmera vida? Que calibre vai encerrar as chagas e as feridas aberta? Espero que seja rápido, espero que me último suspiro seja lúcido. Avise a eles que eu amo-os. Não, não. Teria que entrar para história o que você diria na hora da sua morte? (deixem nos comentários)

Calma! Deixa eu me arrumar... Pronto. Pode atirar.
- É essa a sensação. AH! Se eu soubesse morria antes...

'' a warrior fights for his soul, or for the rest of it. '' - Matisyahu

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

escolha

Quando pequenos, seu irmão caía de bicicleta e ela chorava. Quebrava um dente e ela chorava. Tomava bronca de um mais velho e ela chorava. Ela saía correndo da cena em direção à porta mais próxima e se escondia entre a parede e a madeira, as lágrimas fluidas. Perguntavam-lhe o porquê daquilo, mas era nova demais pra se explicar.

Hoje, o vê bater a cabeça na parede, sentar em ponta de faca, devorar as próprias entranhas. Ela mantém o hábito de fugir, mas agora não há lágrimas. Não é que a dor de outrora não exista mais, nem que aquela coisa de irmãos tenha acabado. É que antes ele não tinha escolha.

Agora os dois têm.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Contradição

Katyucia falou que eu fui contraditório... Eu parei para pensar.
As pessoas vivem falando para você se posicionar, ter personalidade e essas coisas que fazem você ser gente. Mas pára para pensar comigo, se a gente ouvir e respeitar os dois lados de uma moeda, a gente não se sendo contraditório? Porra! Se você acha que sua opinião é a certa, só ouvir a do outro já um tipo de contradição.
O certo é o certo. Existe na matemática e na física. Não na vida. A contradição nos governa. Obrigado Deus por ser contraditório!(agradecer a Deus, entenderam a contradição?). Nenhuma idéia é tão errada que não possa ser ouvida e nenhuma idéia é tão certa que não possa ser contestada.

A contradição é nossa passagem para a razão. Ser racional é ser contraditório. Aceitar ser um grão e uma duna inteira...

''A man is just a man, filled with faults and weakness...'' Late night in Zion - Matisyahu

Jogadores de poker é que são felizes

Com tempo a gente aprende a amar. Errando e se fudendo a gente vê que a vida é um jogo fácil de se jogar quando nós damos as cartas. Quando nós estamos recebendo-as é preciso calma e galhardia ao fazer a próxima aposta. Jogadores de poker é que são felizes...
Ainda bem que eu nasci com um cacife pequeno. Nasci já metendo a mão no pot e os outros jogadores se perguntavam quem era aquele neguinho ousado...

Mas aí alguém jogou melhor que...

Hoje fumo, bebo e não fodo às custas de caridade. Perdi na mesa meu orgulho, meu respeito e meu controle.

Blefei

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Preconceito

Olá pequenos futuros burocratas! Eu não gosto de lutar por coisas perdidas. Já fiquei rouco demais. Negro vai morrer descriminado nesse país. Os ''ditos'' brancos que se acham civilizados quando vai para o exterior são encarados com risinhos sarcásticos dos verdadeiros brancos. Eu resolvi falar de um preconceito que ainda dá para ser mudado. O preconceitos contra homo/bi/pan-sexuais.

Na sexta passada, levado por uma leve embriaguez eu cometi um erro. Taxei uma pessoa de filha da puta por ser gay. Eu admito que estava errado. Eu devia ter ido que ele era só filho da puta. Ele era um gay filho da puta com existem heteros filhos da puta. Eu não tenho nada contra gays. Eu adoro eles! Eles me acham bonito. Adoro pessoas que me acham bonito.

Desculpe J., prometo não te chamar mais de gay filho da puta. Pode agarrar quem você quiser. AH! Mas você ainda é filho da puta e merece se fuder. (se bem que você ia gostar!)

sábado, 25 de setembro de 2010

Eu parei de morrer

Desculpem meus inexistentes leitores, meu lirismo se perdeu em algum meio fio em que me apoiei. Lá o deixei ao relento, até o próximo bêbado se escorar e encontrá-lo. Tomara que ele sinta saudade de mim.
Os cigarros perderam o gosto, a bebida desse muito fácil. Eu não sinto a dor da vodka. Meu estômago não esquenta mais.

Que maldição é essa chamada felicidade? E eu que achei que tinha o corpo fechado...

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

pílulas

Desde pequeno, já conhecia a rotina.

De noite, os olhos injetados da sua mãe precisavam de pílulas pra dormir.
De manhã, os olhos cansados queriam pílulas pra acordar.

Da primeira vez que tocou um cara, não sabia se estava sonhando.

Corra aqui, corra!! Venha ver o que eu estou vendo!!
Viu? Bem no fundo?
É uma moeda da sorte na nossa caixa d'agua.

Vê aquela garotinha de vestido cor-de-rosa e boneca à tiracolo?
Foi ela quem jogou.

Só sucos

Em plena época de eleições, onde não me encontro representado por ninguém, eu me vejo representado por uma mulher na rua. Eu estava atravessando a rua e me deparei com uma mulher sentada numa lanchonete. O nome da lanchonete era só sucos. Uma variedade enorme de opções para sucos saudáveis e saborosos. O nome da porra da lanchonete era SÓ SUCOS! A divina mulher estava simplesmente fumando e tomando uma coca-cola. Se ela se candidatasse eu votava nela!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

sobre homens (e) idiotas

Fui absolutamente irresponsável, já sei. Foi arriscado demais sair do ballet e andar por ali às dez da noite, pois aqueles 50m que percorro sempre são MUITO desertos. E o meu collant preto, coque no cabelo e bolsa gigante no ombro esquerdo não ajudavam a criar uma imagem de "gostosona" [e quando digo gostosona, quero dizer o contrário de frágil].

Eu nunca faço isso, mas fiz. Respirei fundo e saí andando com os olhos erguidos, até que um idiota vai enconstando o seu carro do ano ao meu lado. Eu olhei, inocentemente, pois achava que ele queria informação. Quando já estava em casa, me dei conta do perigo que corri e entrei em pânico, mas isso não vem ao caso, já que a natureza foi muito gentil comigo e o máximo que me aconteceu foi um profundo aborrecimento.

O cara era daqueles estilo "bombadões", provavelmente de anabolizante, com cara de pouco cérebro. Se achou no direito de dar em cima de mim, já com aquela pose de irresistível, como se eu estivesse interessada. Continuei seguindo o meu caminho e ele falou mais besteiras, mesmo que eu dissesse que não queria papo. Depois me chamou de mal-educada. Depois disse que não estava dando em cima de mim. Que só parou por educação. Me xingou de mais alguma coisa [perceberam a educação?]. Por fim, disse que não gostava de mulher anoréxica. Eu soltei um "que bom" e segui meu rumo, bravamente. Ele foi embora. E eu pensei: EU PERGUNTEI ALGUMA COISA, PORRA?

Eu dei alguma liberdade pra aquele cara? Eu disse que precisava da eduacação dele? Que mania irritante do caralho desses porras que tem a inteligência entre as pernas ou nos braços, ainda não decidi, de achar que todo mundo tá dando mole pra eles!! Isso é coisa de gente com baixa auto-estima, na boa. Daí quando vem alguém que não está nem aí, é louca, puta, ou anoréxica. Vai procurar alguém do seu naipe, mermão, que curta as mesmas coisas que você. Eu sou de outro mundo, de outro meio, de outro tempo. E anoréxica, não. Parar de comer é pra caretas. Os bons comem até ficarem empanturrados e depois vomitam. Muito melhor.

O que me dá raiva, é esse povo achar que é superior e que pode mexer com os outros na rua. Ele só fez aquilo pq estava dentro de um carro legal, e de um corpo legal [na concepção dele], não pq esperava que eu fosse dar mole. E isso é ridículo. Como se todo mundo tivesse que ter as mesmas opiniões. Ridículo.


OBS: tô ligada que se fosse outro, eu podia ter morrido. foi só uma brincadeirinha besta, ainda bem.
OBS 2: eu não sou bulímica.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

festival

Ninguém me avisou que aquela centopeia que engoli tinha pregos nos sapatos, e ainda por cima, era sambista. Na alta madrugada fui pega de surpresa pela sua dança e até achei que ela tinha se multiplicado dentro de mim. Por favor, pare com isso! Meu baixo ventre não é lugar! Malditos sapatos.


Tentei de todas as formas deixá-la confortável, mas nenhuma posição a satisfazia. Acho que me tesava. Fui obrigada a me habituar porque não tinha remédio. Enquanto isso, os raios de sol dissolviam a escuridão do céu meio turvo, e a umidade adentrava o meu quarto e o meu corpo sem pudor.


Descobri sozinha que a centopeia cuspia fogo e não engolia de volta. Tampouco parava de sambar. Seria um belo espetáculo se o palco não fosse as minhas entranhas, e se a plateia não fosse invejosa. Digo invejosa porque alguns indivíduos não se contentaram em assistir e resolveram entrar no clima! Aquela lesma de outro dia passeava despreocupada pelo meu estômago. Pesada demais, grudenta demais. Alguém tire ela daqui! Já estou ficando verde.


Quero ajuda sim, por favor e muito rápido, acho que tem uma cobra também. Ela enroscou meu fígado e pretende explodí-lo, eu vi. Olhe pra mim agora, meus lábios estão sem cor.
- Deseja alguma coisa?
- Um copo de água e uma mão fria, por favor. Vou vomitar.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Retirante

Essa eu escrevi a uns tempos...

''Oh Deus, perdoe este pobre coitado
Que de joelhos rezou um bocado
Pedindo pra chuva cair, cair sem parar
Oh Deus, será que o senhor se zangou
E só por isso que o sol se arretirou
Fazendo cair toda chuva que há''


Essa vai para todos que já viram perecer
Sua família e nada puderam fazer
Aqueles que de água só sabem o básico
Porque quando ela cai eles se molham rápido


Pelas rachaduras a água escorre
Como a vida de milhares que morrem
Os que poupam o choro para água poupar
São os mesmo que fogem de toda a miséria


Enquanto nós tomamos nosso banho
A pele deles coça e as doenças vão se propagando
A falta de água só faz piorar
A peste negra que ja reinou na Europa,
E agora veio para cá
O calor que rasga a pele, só piora
Enquanto aqui o ar-condicionado te gela
A semente tá jogada só falta regar
E você achando que a torneira abertar não vai influenciar...


Viram retirantes, adquirem sequelas
E se alastram nas favelas
E não conseguem mais voltar
E perecem não de sede
Mas a mercer da chuva de bala
Recorrem as ruas, começam a roubar
E a história se repete,
Se der sorte morre antes de ir para o inferno
E o retirante se despede...


Essa é a vida do sertanejo
Menos poética do que a TV mostra
Mais dura do que essas rimas de bosta
O pior dos problemas não é a falta de água
É o latifúndio plantado ao lado, que mostra
A torneira da desigualde que escorre água
Da mais cristalina e cara
Que custou a vida de milhares de sertanejos
Que ficaram a penar, com os calos
Os filhos e os talos
Que nunca germinaram e nunca germinarão

Hasta la muerte

Socialistas são os ociosos que gostam de pensar. Anarquistas são os trabalhadores que não pensam. Por que não juntamos tudo e transformamos a utopia em realidade?

We can be wrong, pero yo penso que así estaremos hasta la muerte!

Feel good hit for the summer

essa música é simplismente o que o autor lembra de um reveillon. ele esqueceu dois dias inteiros e só lembra disso...

Nicotine, valium, vicodin, marijuana, ecstasy, and alcohol
Nicotine, valium, vicodin, marijuana, ecstasy, and alcohol
Nicotine, valium, vicodin, marijuana, ecstasy, and alcohol
Nicotine, valium, vicodin, marijuana, ecstasy, and alcohol
Nicotine, valium, vicodin, marijuana, ecstasy, and alcohol
Nicotine, valium, vicodin, marijuana, ecstasy, and alcohol
C-c-c-c-c-cocaine
C-c-c-c-c-cocaine

http://www.youtube.com/watch?v=bAXPUN2z2CE&feature=player_embedded

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Esses muleque não têm medo de morrer...

Ele apanhou. Apanhou e morreu. Sangrou sem ajuda médica. Quem bateu acusa de assalto. Há os que defendam e falem '' se fosse com você, você também matava.''. E se fosse você que estivesse apanhando? Se você precisasse se drogar para conseguir aguentar o frio de madrugada e o calor do meio dia? Se fosse você que todo dia tomasse enquadro de polícia mesmo sem ter feito nada, só por andar mal vestido?

Quem merece morrer é quem tem escolha e escolhe o mal. Sim, ele podia não assaltar. Podia baixar a cabeça para o sistema e carregar peso que nem um burro de carga. Se fosse eu? Eu ia bater de frente também.

''Já tá na hora de tomar o chicote do capataz'' - Pelo amor (Projota)

Just some words (3)

12 anos. Nem gelo. Vira para ficar vermelho. Desabotoa a camisa, o calor é intenso. Deita a garrafa o malte tem que nadar, enquanto a gente se afoga. O copo largo é sempre o toque final. Cruzam-se pernas e esquecem-se de quem bebe a pedra 90, de quem fuma o crack, de quem não tem como fugir. É só hoje. Deixa eu esquecer da dor alheia para esquecer a minha própria. O dinheiro não é o problema e sim a falta dele...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Just some words (2)

Uma vodka para cortar minha noite. Hoje eu não vou fumar. Não quero me suicidar hoje. Só hoje. Amanhã talvez. Depois nunca mais. Só hoje. PORRA! Me deixa sorrir, me deixa cantar, xingar os burocratas na rua, desrespeitar, quem sabe alguns dedos...

Me deixa parar de correr para o fim. Eu quero dar um moonwalk sobre meu próprio destino.

(...)

Dá-me um cigarro.

Just some words

Uma cerveja para cortar minha tarde, não melhor que um beijo. Meus pés estão aonde podem me levar, se pudessem ir um pouco mais longe não estariam aqui. Já dei as cartas. Nesse místico tarô atemporal mergulho sem me perguntar o por quê. Cartas viradas ditam a lei do jogo, que pode virar de cabeça para baixo à qualquer cartada.

Se a vida é um jogo, eu tô perdendo. Apostei tudo que tinha em nós dois... (Tua menina - geléia do rock)


Garçom! Acabou a garrafa.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Deficientes

Provavelmente, o que tem aqui vai de contra toda e qualquer norma de bom senso. Qualquer forma de educação ou respeito. Mas é o que todos pensam. Hipócritas tem medo de admitir.

Eu estava andando na treze voltando para minha casa e vi uma deficiente(provavelmente com paralisia cerebral) com uma muleta e uma acompanhante. A cada passo seu rosto transmitia aquela garra de conseguir andar. Há os que olhem aquilo e se sintam bem vendo que uma pessoa debilitada está tentando melhorar cada vez mais. PORRA! Vocês tem noção do quanto de ser difícil para alguém mal conseguir andar e ver pessoas correndo todos os dias. Ter o rosto deformado e ver belas modelos nas capas de revista. Não se mexer direito e ver alguém com preguiça de levantar.

A deficiência é uma praga, não um obstáculo. Ela não foi feita para ser superada. Ela foi feita para ser entendida. Quem é deficiente tem que conviver com isso. Não tente superar. Se você cair você vai se machucar. Exija rampas, mas não se levante. Agradeça por não ser surdo. Você ainda pode ouvir música...

Suicide Season


Existem muitos jeitos de se matar. O suicídio como forma de acabar com todos os problemas é a forma mais simples e eficaz. Só os fortes conseguem. Eu acho que quem se suicida é mais que todos nós. Eu não tenho tamanha coragem. Eu me mato só aos poucos. Mais um gole, mais um trago...

Um tiro na cabeça, pulando de um prédio(a mais divertida), cortando-se, respirando escape do carro. Durma para sempre um sonho lento e cadente. Eterno. Vivo. Por mais que o inferno te espere, aqui deve ser pior...

Imagem by: PC Siqueira

fuga

Desejou tanto ir pra bem longe dali. E foi.

O som embaralhado de tantas vozes confundia os pensamentos, mas chamou tal confusão de silêncio. Não ouviu mais nada. Daí levantou um pouco os olhos e viu joelhos e pés sem dono, de um lado pro outro: movimento [Por que não se movimentava também? Tinha se esquecido dos pés? Lembrou. Doíam.].

Congelou a imagem e o tempo. Quantas unidades se passaram, mesmo? Foram milésimos de segundo ou todo mundo percebeu? Não sabe. O corpo pesando cada vez mais, pois nesse ponto a consciência de cada parte dele era absurda. Os cílios faziam força para esconder o âmbar e esconderam. O nariz enfiado num travisseiro quentinho... ou era um ombro? Não importa.

Fugiu.

sábado, 11 de setembro de 2010

O que você vê por trás do ser ou não ser?


Aprendi nesses meus três anos de ensino médio, que o álcool inibe o cerebelo que é responsável pelo equilíbrio do corpo. Que bom ter aulas práticas!

Odeio mortalmente o álcool! E das bebidas que já experimentei, todas foram como se descessem agulhas pela minha garganta. Prometi não ficar bêbada. E como todo bom ser humano e brasileiro que sou, cai em contradição.

Era pra ser uma brincadeira, e foi, mas... A Brincadeira me levou a quatro doses.

A primeira. Sentia aquelas agulhas descendo e se acomodando em meu estômago e... aquele gosto amargo.
A segunda dose. De um lado ou outro, já via as imagens passarem mais devagar.
A terceira dose. Três novas sensações... tontura...tontura............tontura!
A quarta. As agulhas faziam festa em minha barriga e tontura...tontura..........sono!
A quinta. Não teve, já bastavam quatro! Queria que aquelas agulhas fossem embora, mas não por onde vieram.

Deite-me, confortavelmente. Consciência estava à mesma, tudo estava claro na minha cabeça. Mas meu corpo não. Senti-me inútil. Dizem que bêbado fica com vontade de chorar, e eu queria chorar. Mas era por causa das perguntas, da inutilidade, por sentimentos reprimidos ou por efeito do álcool? Nem eu sei. Acho que tenho que brincar de novo para descobrir.

Deitada confortavelmente, perguntas eram-me feitas, sem intervalos. Aproveitaram a situação para tais. E Aproveitaram-se de mim, de minhas respostas. Ou eu que me deixei aproveitar? Eu estava consciente, eu pensei no que responder, eu procurei uma resposta que combinasse com a situação e meu estado. Esperta? No momento sim. E agora? Ainda não terminei os cálculos.

Odeio mortalmente o álcool. Ouvi meu amigo dizendo que bebeu muito, mas lembra-se de tudo, pergunto a pessoas que bebem aos quilos e todas recordam as coisas que fizeram. Eu estava consciente... Então por que de repente viramos poetas e recitamos verdades e segredos, por que viramos músicos e compomos bobagens, e por que ainda viramos um dançarino? A Imagem que passam da bebida, que ela causa todos esses efeitos, tornou-se tão forte que nos atingi psicologicamente. E nada como a força do pensamento... Isso eu sei porque experimentei essa força, realmente achei que o álcool controlava meus pensamentos, mas depois vi, que era apenas eu mesma.

Somos mesmos uns fingidos, aproveitadores, igual a crianças que se caem e não se machucam, mas choraram para receber atenção. Somos apenas fisicamente inúteis. Já percebeu que você pode voar em sua mente?

Você pode dizer que isso só aconteceu por que bebi pouco. Mas me pergunto se eu não bebo, não tenho costume, então não tenho que ficar bêbada mais fácil? Ah, vai saber. Dizem que a primeira impressão é a que fica. Não tive uma segunda ainda para comprovar essa ‘teoria’.

O que você vê por trás do ser ou não ser?

By: Kty O.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Fotografando

Essa vocês não vão entender. Eu nunca escrevi tão para mim...

Um gramofone, um bocado de grama, uma xícara de café e um cigarro. De frente com o mar. Do segundo andar o vento parecia soprar para me derrubar. Esfriou meu café, mas eu não desci para esquentar. De nada mais precisava além da minha retina. A água era gelada, mas azul. A vida era promíscua, mas era bom, e ditava um tom de furta-cor. Sem LCD ou ecstasy, sem vicodin ou paracetamol. Deixa doer...
Só um reggae. Depois me mata, mas espera essa. A vibe roots já me assolava. Uma mistura de suicida punk com rastafári vibrante. Era eu. Mais nada houve de se fazer. Me larguei lá. Deixei meu eu naquele lugar. Não quero encontrá-lo de novo. Não quero fumar maconha nem beber até cair. Eu sentei ali e ali eu fiquei. Preciso de um resgate. A abstinência está colocando pontos em frases e aleatórias. Vou lá...
Voltei... E vi como eu estava bonito. Ocúlos escuros, barba por fazer, a cara marcada, no corpo alguns arranhões e queimaduras de cigarros, o cabelos enormes dreads balançando ao vento.
Aquele sou eu... Fotografando o mar com a retina...

De volta aos problemas

(depois do feriadão)

Como eu queria aquela estrada mais longa. Talvez uma ajudazinha de Deus para fazer a vida acabar. Eu não queria voltar. Lá era bom. Tão simples. Tão vivo.
Aqui são velhos problemas. Novos problemas. Por que? Por que tanta preocupação? Tanta desilusão... Lá eu era só mais um, aqui eu sou menos um a cada dia que se passa.
Pelo menos aqui eu tenho tempo para morrer. Volto a me sentir inferior. Volto a ser quem sou. Sem vida, sem gosto, sem alma...

O jeito que eu acordo

O jeito que eu acordo é o jeito que eu morro
Com ou sem ressaca, a falta de sorrisos é natural
Sem ter para onde, eu corro
Com o queijo e a faca, com um humor circunstancial

Dá-me um cigarro, amor, eu prometo ser o último
Nesses próximos dias, nessas próximas horas
Deixa eu viciar-me para não viciar em você
Deixa eu matar-me para não matar você
Não sou o mesmo de outrora
Sua lágrima só mexe com meu sepulcro

Nada que seu sorriso não afague
Nada que minha voz não disfarce
Nada que meus olhos consigam negar
They can’t deny...

Ódio

Quando sentires o frio de uma foice subires ao teu pescoço, não tema, ainda não chegaste sua hora. É só a vista mais próxima que temos do inferno. O mais longe da razão.

O ódio governa-nos... Damos tapas na cara, dizemos heresias, vivemos o que nós somos. Não podemos ser quem somos. O ser humano é muito ruim, nos mataríamos rapidamente. Nossa hipocrisia de cada dia é o que nos mantém vivos, pura seleção natural. Aqueles que não tem essa hipocrisia morreram com o tempo ou ficaram a margem de toda uma sociedade hipócrita. Nossa hipocrisia é nossa melhor qualidade.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

pupilas

Quando eu era bem criança, ficava intrigada com o escuro que ia se dissolvendo. Nem percebia o momento exato da dissolução, nem entendia o motivo. Apenas achava que o quarto ficava mais claro.
Hoje sei que apesar de não ser um animal noturno, meus olhos se habituam à escuridão e as minhas pupilas controlam a entrada de luz. Não é que o breu perca a densidade, é que eu consigo penetrá-la.
Me disseram que as minhas pupilas se dilatam visivelmente, apesar do âmbar, e denunciam demais o êxtase ou torpor. Sei lá. Também disseram que o âmbar brilha um bocado. Deve ser, quando está claro.
Eu sei que no escuro eu me perco, e depois acordo, e vejo.
[E como é bom enxergar]

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Caixa de fósforos

Oh bela caixa possuidora do néctar do meu ser. Paralelepípedo rústico que guarda a melhor das relíquias. A descoberta que um dia faria eu ser quem sou. O fogo que acende meu cigarro...

Em alguma festa qualquer...

Parceira! Só apóia sua cabeça na minha mão. Deixa que de ti, eu cuido como se fosse a mim. Te deixei chegar aqui, te tirarei dessa selva de malditas pedras. Que inveja tenho do seu torpor. Seus olhos virados me contam histórias que nem me atrevo a mencionar.

A beleza da desgraça só é vista por quem está abaixo dela. Por isso milhões de dedos podem ser apontados. Mas de mim, querida companheira, só verás admiração e louvor. Fumas cigarros que um dia eu recusei. Bebes da vodka que um dia troquei pela sobriedade!

Dilacera-te com a mim. Não vejo graça na sobriedade. Assuntos enfadonhos que teriam bem mais graça se uma dose de álcool rolasse no sangue dos conversantes. Eu sei que sua dor de cabeça é maior que sua vontade de mandar todos à merda. Eu faço isso por você. Olha para eles, a invejam... Invejam nosso jeito de ver o breu. De esquecer e de criar o que não se viveu. Invejam nossa redenção ao beber...

They will never understand...

domingo, 5 de setembro de 2010

"queira mais
toque mais
deseje mais
pegue mais
sinta mais
beije mais
abrace mais
pense"


(Maria Scombona)

sábado, 4 de setembro de 2010

Sobre "Eleições"


Como eu sempre leio as coisas que o meu parceiro escreve, resolvi fazer um comentário sobre o que ele falou.
Os militantes do "Diretas Já" desistiriam de lutar se soubessem que, 25 anos depois, as pessoas estariam gritando pelo direito de NÃO votar e de calar a boca. Os caras foram as ruas, exigindo a liberdade de escolha, e agora a gente tá aqui, fugindo da responsabilidade.
Eu sou hipócrita porque faço parte da estatística. Tenho 17 anos e não tirei o meu Título de Eleitor por puro comodismo, mesmo tendo consciência que a minha participação é muito importante. Só a gente tem como mudar alguma coisa nesse país tão bagunçado, pois um DIREITO nos foi concedido. Escolhendo com cuidado cada candidato [não o mais rico, o mais bonito ou o que mais aparece na mídia, mas PELO MENOS um que não tenha processos nas costas por ter tomado dinheiro público emprestado] talvez as coisas fiquem um pouco melhores.
Ou vocês preferem voltar ao tempo das indiretas? Assim a gente vai poder xingar quem está no poder fodendo com nossas vidas sem o peso de tê-lo colocado lá.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Eleições


‘’Eleição de 2010 tem menor número de jovens de 16 a 18 anos da história’’

Essa noticia atravessou como um mini-trio meu, já conturbado, dia. Não sei se fico feliz ou atônito com essa declaração. Tenho visto algumas pessoas com cérebro, mas, na grande maioria, gigantes analfabetos políticos. Não quero pagar de revolucionário, mesmo porque eu estou longe disso, mas Brecht deve se retorcer no túmulo ao ouvir as coisas que eu ouço.

As pessoas nascem de esquerda e se ‘’endireitam’’ ao longo da vida. Quando morrem são velhos neoliberais burocratas, mas eles têm a razão deles. Viram o sonho morrer. Nossa geração não o viu nascer ainda e já o sepulta como utopia. É amigos, é utopia... Mas dá para a gente chegar perto. Não quero defender o capitalismo ou o
socialismo. Eu defendo a barriga cheia.

A barriga cheia e a mente cheia de idéias. Quero ver meu país produzindo gênios, não médicos e advogados, gênios! Eu sei que é difícil, mas eu queria que um partido muito pequeno ganhasse as eleições só para ver a reação dos verdadeiros donos do país.
Donos do país... Converso com seus filhos todos os dias. Vocês estão fazendo um bom trabalho, eles me acham um idiota. Lição de casa muito bem feita. Eles sabem que é utopia e, acima de tudo, hipocrisia da minha parte. A rua nem tem sua chance...
Por incrível que pareça existem muitos jovens entrando para política ultimamente, o problema é que eles são filhos de uma velha corja de aristocratas que não querem largar o poder. Aí vão ACM’s neto, Valadares filho, Paulinho das Varzinhas e outros milhares espalhados pelo Brasil.

Tenho pena dos militantes das diretas já, se eles soubessem o que aconteceria teriam poupado algumas boas vidas...

Eu poderia escrever um livro sobre o analfabetismo político, mas eu não sou tão presunçoso. Mesmo porque quem vai ler isso provavelmente não é um deles...

O pecado foi cometido
E todo o ardor que tens sentido
Se transmite em esperança
E da alegria toda a dança
Mal sabes que te espera a desilusão

O engravatado que se alastra
Por todas as vias, em brasa
No fogaréu da corrupção
E o povo deixado na mão
De tristeza desaba

4 anos depois, surge o messias
O que veio salvar-nos no fim dos dias
Mas o povo castigado por cicatrizes
Que 4 anos não apagaram
Crucifica o messias e declara
O apocalipse no Brasil

Sempre tivemos o poder
Só não o soubemos usá-lo
O messias se foi...
Só nos falta esperar
Pois os gritos estão roucos
Grisalhos estão os revolucionários
A revolta envelheceu...

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

caixa de fósforo


“O corpo fala o que as palavras não podem”, disse Martha Graham. Não sei se essa famosa declaração foi fruto das suas pesquisas como dançarina, ou se ela falou por pura intuição. Eu, como simples observadora e por vezes tão desligada, ouso substituir o ‘fala’ por um sonoro ‘grita’.
É impressionante como a linguagem não-verbal consegue se sobressair diante das outras formas de comunicação. A tentativa ridícula de esconder as verdadeiras intenções com palavras é completamente desmascarada se observarmos um pouquinho os movimentos. São muitas denúncias. Olhos, respirações, mãos, pés. Os dois, locutor e interlocutor, sabem quando é tudo mentira. Fingem que acreditam.
O menor desconforto que seja é perceptível. Aquelas emoções controversas, pensamentos que fluem, gritos emudecidos, todos transbordam pelos poros e nos fazem agir como se estivéssemos dentro de um cubículo de vidro. Não se engane, meu caro, todo mundo tá vendo. Alguns só não sabem enxergar.

Eu apenas assusto cachorros com cortinas.


(Após algumas doses de oxigênio e fadiga. Esses são os cachorros em questão)

A linha entre a loucura e a lucidez é mais tênue do que a linha entre a bebida e a embriaguez. Você passa por cima dela e nem vê. Pisa tanto na bichinha que ela faz questão de se esgueirar. Já me chamaram de lunático. Lunático? Eu? Lunático é quem vive no mundo da Lua. Fisicamente o mundo da Lua não existe, porque se ela fosse um mundo não poderia ser o satélite da Terra.

Eu só assusto cachorros com cortinas...

Me sinto escritor inferior

Me sinto escritor inferior
Da maquina de escrever à falta de álcool
Tanta agonia afogada em um atol
De lágrimas

Apago velas no caminho até o bar
Tento fazer dos outros, a minha desgraça
Amolecer minha angústia e minha raiva
De ver que tudo que se passa aos meus olhos
Não são nada mais que meras ilusões

Todos vocês são meras ilusões
Coisas que só o tempo prova

Arruína minha vida
Mas não racha devagar não
Demoli.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Pingo


''Esse não é meu não, mas é de uma companheira de desgraça...''

Uma manhã nublada dentro do carro e o mesmo caminho de sempre. A chuva tinha passado, mas ameaçava cair a qualquer hora.

A janela do carro estava aberta e eu sentia aquele vento úmido no meu rosto. Estava perdida, de novo, em meus pensamentos. Estava no meu mundinho particular... Só meu.
Na metade do meu caminho percebo que estava perto de cruzar com o caminho dele. Ele ainda não havia passado, mas estava chegando. Eu não via (miopia de merda, mas eu sentia. Cada vez mais perto.

Fiquei olhando insistentemente, procurando-o. Quanta agonia! Aquele segundo parecia nunca passar. Quanta coisa passou pela minha cabeça, quantas coisas pensei, mergulhava mais e mais no meu mundo. O que eu faria se nos cruzássemos? O que diria? Ignorar ou sorrir? Milhares de opções e um segundo apenas.

De repente, sem dó, sem piedade, fui arrastada bruscamente de volta para a realidade, tiraram-me do meu mundinho. Quem seria tão mal de fazer isso? Senti minha testa molhada. Percebi que um pingo havia caído em minha testa. Que ódio senti daquela insignificante gota de água da chuva.

Mas a raiva só durou milésimos... como a viagem de volta para a realidade. E vi, enquanto limpava os respingos em minha testa. Aquele pingo, não foi só mais um de todos que já me atingiram ou irão atingir, ele foi preciso.

Aquela gota viu-me desesperadamente presa em meu mundo, aquilo estava tornando-se
doentio. Ela precisava tirar-me daquela situação... Ilusão. Ela não queria acabar com meu mundo. Não. Apenas queria tirar-me de lá naquele momento, naquele instante, naquele segundo em que cruzei novamente aquele caminho.

By: Kty O.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Dadaismo


Dadaismo é uma antiga vanguarda européia baseada na desconstrução. Desconstrução é meu sobrenome...

(Poema tirado de um saco plastico recheado de palavras aleatorias. Dizem que dois pontos quaisquer formam uma reta. Por que nao duas palavras quaisquer fazerem algum sentido...)

Rebeldia

Carnaval, visual
Limao, mergulhar
Converse, use cores
Quase como tchau
Aprender livre
Gandhi
Naturalmente, ensinar

Vida real
Por ai, despenteia

Meninos usam coracoes
O mar de verao
Olho realizado
A seu num amor (a frase mais dadaista de todas)
Elas, paginas
Sonho, rock

Ir...

Um gole, um cigarro e um carinho

Depois do ardor, o frio na garganta. Deixa sair pelo nariz. Aquilo vai te seguir o dia todo. Um beijo na saída. A endorfina te puxa, mais uma antes de sair. Chega atrasado no trabalho, é chamado do vagabundo. Ele é mesmo. Tem coisa melhor? Quem fala do vagabundo tem inveja dele. Vocês precisam trabalhar. O trabalho do vagabundo é viver. Correr atrás de mais um trago, mais um golinho, só mais um carinho.

Só mais um carinho...

Quando eu rezo eu aumento o som.


Canto como se fosse em prece. Balanço a cabeça como se imaginários dreadlocks batessem na minha cara em sinal de redenção. A música é algo inexplicável. Sério, eu preferiria ser cego a ser surdo. Eu preciso ouvir. O timbre de uma antiga guitarra, um bumbo duplo soando com delay, splashs seguidos na minha cabeça, cordas, metais, tudo!

Eu preciso ouvir, só. Não preciso entender. Uma boa frase tem ritmo. Uma boa frase é aquela que você sente a dor no teto do cérebro, que você se retorce quando ouve, que você chama de genial. Uma boa frase não precisa fazer sentido. Só precisa ser carnal.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

pisque os olhos

Acho impressionante como vivo mudando o tempo inteiro. Mudo das mais diversas formas, sutilmente ou nem tanto. Mudo até sem perceber, aí me perco de quem era há um segundo. Dizem que se não houver mudança, a passagem do tempo não tem sentido. Concordo plenamente.
Mas não vim aqui falar das várias maneiras pelas quais se alcança o desconhecido. Experiências fantásticas, boas ou ruins, lugares novos, pessoas diferentes. Fatos escandalosos, que o mundo à sua volta percebe a diferença. Eu me refiro às bobagens que ocorrem como um estalo. Algo de você pra você mesmo, uma percepção.
Minha mãe falou que estava passando um filme na televisão chamado “Os amores de Picasso”. Eu respondi um monossílabo e fiquei mergulhada em outros pensamentos quando fui invadida pela seguinte constatação: NUNCA pensei em Picasso como um homem. A imagem dele como célebre pintor – já tão conhecida por todos – se sobrepunha a tudo de tal forma na minha mente, que nem me dei ao trabalho de imaginar como ele era. Se seus olhos eram densos ou frios, se era alto ou magro, se tinha filhos ou amantes tórridas. O via simplesmente como aquelas telas dos livros e revistas.
Que direito eu tenho de ignorar a imagem verdadeira de um homem só por causa da que lhe foi atrelada? Será possível que certas carapaças são tão espessas que só conseguimos enxergar a superfície? Isso é um crime, dos cruéis. Nossos políticos são homens com família e encanamento vazando em casa. Os professores têm filho doente, sabia? A vendedora que você destratou terminou com namorado na noite passada. O jardineiro tem um irmão viciado em cocaína. Mas você tem a audácia de só enxergar eles por fora. Você só vê o que eles fazem. O que eles parecem. Quem quer ver o avesso do outro?
Se digo que mudei, é porque meu olhar mudou. Vou ousar enxergar o outro ainda mais. Tentar ser menos egoísta. Coisa minha mesmo, não vou esperar a mesma postura de ninguém. Cada um acorda na hora que quer.

Às vezes eu me sinto mortal

Quando avançamos o sinal ou quando não paramos no quebra mola. Quando passamos do 100. Eu me sinto mortal e isso é desesperador. Não que eu tenha medo de morrer. Eu tenho medo de não mais existir. De sumir da cabeça das pessoas. De ser uma lembrança vã de um alucinado.

Eu fecho o olho diante da morte. Finjo que ela nem existe. Eu sou imortal, todo santo dia. Quando eu sinto que não tenho o controle sobre a minha vida, eu morro.

Can you just slow down? NO!
Another day I can leave and never come back.

Quando eu durmo só sinto frio.


Quando eu durmo eu só sinto frio

Quando eu durmo meio-dia, eu sinto frio. Não sei o que é, não sei o que fazer. Sometimes I try to burn my body, but the flames are starting to be could. Even the sun I try to hug, he gets away afraid of cool off.

Por mais que eu ligue o aquecedor, ele queima e eu congelo. Eu já fui no médico, já fui no terreiro. Já fui em casas de prostituição, procurei calor em quase tudo. Eu não conseguia mas ver saída.

Até que eu conheci alguém. Eu dormi com esse alguém. Estou suando até agora...

sábado, 28 de agosto de 2010

Em busca de novas drogas


Eu me encontrei em um dilema. O cigarro não acalma mais, a cerveja não me satisfaz. Preciso de novas drogas. Meu pai uma vez me disse que preferia um filho viado à um filho maconheiro, ou seja, maconha está fora de cogitação.

Eu sempre tive alguns pequenos sonhos. Abrir um jornal e tomar uma xícara de café, estudar até tarde da noite na base do café e da nicotina, acordar e tomar um bom café para ajudar na vibração de um novo dia. Talvez por espelho do meu pai. Todo dia ele acordava com um xícara de café em uma mão e um cigarro aceso na outra. Se tem um cheiro que eu lembro na minha infância, é a mistura da fumaça com o maravilhoso cheiro do café. Toda vez que eu entro na aquele banheiro ermo e úmido, eu me lembro daquele Deus pagão mandando eu escovar os dentes.

Tudo bem que ele teve câncer e precisou parar de fumar, mas eu continuei seu legado(kkkkkkk). Eu achei minha nova droga, talvez a mais leve de todas, mas eu preciso por tradição de família. Bem vindo café a minha vida!

Agora só me falta um câncer! kkkkkkkkkkkkkkkk

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Drink my soul

Eu vou beber. Eu vou beber tanto que já me esqueci como foi. Quanto mais sede eu tenho mais a quinta se arrasta.

Whisky is too hard for me. Can you offer something easier? Beer? Too much easy. Vodka and glass? Perfect! A couple of cigarettes. Ice and smoke. I could live like this. I wanna die like this.

Forget the hangover. I still have a half of a bottle. The headache started. I’m starting to get blind. None of my gods are clapping. I’m going to hell, but now, I really don’t care. I can’t hear my own voice. I start to speak alone. Loving myself, I just feel like this when I’m drinking. Finally I understood why… I have to drink my soul.

Conversa com o amor


Por que para você nunca é tarde demais? Você deveria sentir remorso. Você some da vista das pessoas e volta, repentinamente, como um sopro de endorfina. Dá para fazer minha perna parar de tremer? E o peito? Dá para parar?

Não dá para se ter uma conversa civilizada com você não. Quando não está desabotoando minha camisa, está arranhando minhas costas. Assim não dá. Fica quieto para eu poder te controlar. Não agüento ser o controlado. Para de gritar. Para de sorrir. Você sabe que o preto e branco ganham cor quando você faz isso. Toda guerra tem um fim, toda corrida tem um ganhador, mas com você ou é felicidade ou é dor...

Could you just rape me into pieces?
I'm not hole

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

20 agosto de 2010 (by: Marcela Aragão)

Esse texto não é meu, é de uma grande amiga minha que deu ele de presente para o blog. É de uma genialidade sem igual. Tomara que mais desses venham... Valeu Marcelinha!
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Dia desses fui pega de surpresa quando voltava pra casa. Olhos distantes, cabelos ao vento, pensamento suspenso no ar, e de repente a cena. Como eu queria uma câmera, pra registrar aquilo não somente no refúgio da minha mente. Queria poder compartilhar com o mundo, para saber se alguém mais veria o que eu vi. O impacto de uma imagem é muito maior do que o de simples palavras roucas.

Pode parecer bobo, mas o conceito de arte é assim mesmo. Cada um a sente de um jeito, o estranhamento que ela provoca é muito particular. Eu sei o que eu vi, e sei como me senti numa terça-feira qualquer. Senti-me despedaçada, e enxerguei-me naquela mini boneca de pouco mais de seis centímetros.

Largada no sol a pino de uma da tarde, sem nome, sem documento. Deitada de bruços no chão, os cabelos mal tratados, e juro que vi os braços dobrados. Vi uma morta, uma suicida, uma escondida, aterrorizada. Vi uma garotinha desolada no corpo frágil daquela boneca. Quem seria sua dona, sua tutora? Tinha a obrigação de protegê-la, não tinha? Desviei o olhar. Eu não podia continuar invadindo a sua intimidade, tinha que ir embora. A dor daquela bonequinha era densa demais.

Quem disse que precisava ser bonito? Quem disse tinha que ser agradável olhar pra aquela fotografia? Nem sei se ela estava atropelada. Também não sei se sua ausência foi sentida. Teria sido ela descartada? Sequer sei se alguém mais no universo – ou sem exageros, naquela esquina – viu o que vi. Sei que me percebi ainda mais sozinha, ainda mais incompreendida – não tanto quanto ela, é verdade. O que ela pensava? O que eu penso? Tenho medo de uma certeza que me consome: o que eu vejo quase ninguém vê.

Aliás, alguém me vê? Porque atualmente, nem eu me vejo.

OBS: Quando passa um mendigo na rua, com a fome estampada nos gestos e o desespero explícito nos olhos, você nota?

Marcela Aragão

Ações e reações


Newton falou que para toda uma ação existe uma reação, de mesma força e direção. Ele estava errado. O cara fica com viadagem comendo maçã embaixo da árvore e não pensa nas coisas direito.

A lei de ação e reação é totalmente falha.

(Talvez a partir desse momento eu comece a parecer uma menininha que está comendo chocolate porque tomou um fora de um gatinho, mas é essa a intenção.)

Não adianta! A porra do ser humano é um bicho escroto! Você pode fazer um milhão de coisa para uma pessoa (ação) que essa pessoa provavelmente vai te responder com a mesma proporção de desprezo. Talvez desprezo seja uma palavra muito forte, com indiferença.

Quanto mais você ama uma pessoa mais você a afasta. Não adianta, você pode até tentar ficar indiferente para a pessoa tomar seu lugar mas você vai acabar fraquejando nessa pose. Vai cair de novo, e você vai tentar de novo. Vai cair de novo. Até chegar o momento que você sabe que vai cair e tenta com capacete.

Você se vê em um moinho e percebe que algum dia na sua vida você já fez aquilo. É um ciclo vicioso. O querer está para a solidão assim como o sono está para o som.

Entre esses casos são só beijos, abraços e sangue.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Saudade de música


Ontem baixei a discografia de Tom Jobim. Puta merda, esse cara é um gênio. Eu fiquei pensando no futuro que a música estava tomando. Não estou falando de Justin Bieber ou Restart. Eles são conseqüência. A música está deixando de ser genialidade e está começando a se tornar moda. Hoje a atitude do cantor ou da banda. Não que eu ache que isso não conte. Conta muito, mas atitude e moda passam.

Tom é eterno. São escalas diminutas, acordes dissonantes, coisas que não fazem você enjoar de escutar na terceira vez. Boa música dura décadas, talvez séculos.

Salve Adoniran, salve Noel Rosa, salve Jobim, Buarque, Joãos, Gil, Caetano, Elis, Cazuza e Renato. Salvem a música brasileira!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Se minha vida fosse um final de semana


Música. Cores. Carne. Revolta. Vodka e cigarro. Cerveja e pigarro.
Pouco tempo. Sentimento. Vagarosamente falado. Virtuosamente embriagado.
O choro. O grito. A desgraça e o ritmo. Os tambores de óculos escuros.
Horrores e sussurros. Madrugadas. Falta de dinheiro e apuros.
Puro. A garganta tosse. Enxuga o olho. Ri. Desabafa e chora. De novo.
Cordas. Chuva. A janela embaça. A voz desafinada.
O relógio correndo. Rugas. Amassos. Mais cigarros. Endorfina.
Marasmo. Futebol. Risadas. De novo.
Segunda. Morte.

Não acredito!

Ontem, eu cheguei em casa completamente bêbado e com sono, mas eu consegui sentar e escrever alguma coisa que prestasse. MAS A PORRA DO COMPUTADOR NÃO SALVOU! Talvez eu tenha apertado o botão errado, mas isso não diminui minha frustração ao acordar com um dor de cabeça filha da puta e não conseguir ler meus próprios delírios.

Nada que eu escreva agora vai ter o mínimo de realismo como tinha ontem.

Ontem era vibração. Hoje é dor de cabeça.
Ontem era o rock. Hoje é no máximo um blues.
Ontem era preto e branco. Hoje são gigantes bolas azuis.
Ontem era risada. Hoje esqueça. Não lembro

A guerra ou o ócio


‘’Se você não tiver uma luta dentro de si, ou ao se redor, você precisa de uma’’. Quando eu ouvi Jack White dizer isso em um filme eu fiquei pasmado. Alguém finalmente entendeu!

Se arrependimeito matasse...

Em meio àquela floresta de árvores alinhadas, eu sou a que está torta. Para mim as outras estão simplesmente mortas. Em meio as grandes e altas copas que insistem em transformar o que está abaixo em escuridão, eu sou o pequeno arbusto que alimenta o jegue.

Eu uma pessoa de sentimento aflorado. Talvez seja gay, talvez seja artista, na verdade não sei. Só sei que eu odeio isso. É bom escrever, mas o que fode é sentir primeiro. Eu queria pedir desculpa por fechar o blog. Mas eu voltei. Muito mais rápido do que eu imaginava. Meu drama não é por sacanagem é por conseqüência. Por achar que o fim do mundo é a cada morte. Às vezes eu esqueço que é um suicídio por dia.

Eu amo escrever, espero morrer tendo sobre o que escrever. Espero morrer escrevendo. Espero escrever morrendo. Espero escrever...

sábado, 21 de agosto de 2010

Sete vidas (the end)

Poeta tem sete vidas. Hoje eu perdi mais uma e resolvi guardar o que sobrou... O alcool e a nicotina vão continuar. Esse é meu medo. As palavras são minha clínica de reabilitação. Eu era meu próprio vício. Pena que acabou.

Acabou o blog. Já acabou outras vezes. Deixa eu viciar em outras.

Prometo um dia voltar.

À todos reticencias e interrogações.

Keep dying.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A semana


Porra! A semana é muito longa para minhas palavras. A rotina da segunda, a demora da terça, a inércia da quarta e a monotonia da quinta estão matando um escritor todo dia. A falta de poesia da rotina faz minha prosa ficar pedante. Eu estou tão cansado em tentar achar beleza na semana. É muito difícil!

Ah! Mas o final de semana há de chegar, as boas conversas, as boas drogas, o bom tempo curto. Até mesmo a ociosidade é bem vinda. O ar do final de semana é cheio de idéias, cheio de cores, até a fumaça se torna mais densa.

Mesmo quando não me lembro do final de semana eu sei que ele foi bom, talvez até por isso. O vômito do final de semana, a ressaca do final semana. Pode acordar quando quiser, poder dormir quando quiser e poder não dormir que é o melhor. Cachaça no sábado e praia no domingo. De calça e tudo, óculos escuros, o resto de uma vodka e

um amassado de cigarros.
Mas a semana insiste em voltar. PASSA MALDITA SEMANA!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Taxistas


‘’ Não puxe minha língua que ela é solta! ‘’

Foi a frase que me deu a idéia desse texto. Quem pega taxi sabe do que eu estou falando. As mulheres não devem saber bem porque sentam no fundo e fica mais difícil de puxar papo.

Taxista é a raça mais inteligente e onipresente que existe. Só tem um problema nisso. Eles sabem e viram TUDO! Para eles o mundo não gira em torno do Sol, gira em torno do seu taxi. O defeito de se achar sempre certo é estar sempre errado. Imagine uma discussão minha com um taxista, ou até, de um taxista com outro. Nas duas os dois vão acabar se digladiando até a morte. Os dois errados.

Ouçam, meus caros, a voz dos taxistas. Ela não é a razão, mas serve para você ganhar histórias.

Que pena que um dia eu vou ter um carro...

terça-feira, 17 de agosto de 2010

4 Gigantes

Éramos, fomos, somos 4.

A festa nunca pára. Nunca. A sessenta ou a cento e vinte a gente não pára. Altas gargalhadas. Dos 4 gigantes, 4 mundos diferentes.

O zangado – Ranzinza por natureza. Está tudo bem, mas pode melhorar. Ainda tem muita porta para derrubar. O mais preso. O mais diferente de mim. Mas às vezes eu acho que eu vou morrer ranzinza e ele melancólico. No fundo ele é um amor! Kkkkkkkkk

O carente - A sua melhor qualidade é ser amigo. Essa por si só já uma grande qualidade. Não usa metade do coração e do cérebro que tem, mas ainda está cedo. Sente o vazio, que nem eu. O mais parecido comigo. O que mais briga comigo. Que ironia. Orgulhoso. Ele precisa ouvir que estamos lá por ele. É difícil gigantes demonstrarem sentimentos, mas a gente estava lá. Esse é preso pelo sangue, pela tradição.

A razão – Esse é basicamente o cérebro do grupo. Ele provavelmente vai se achar por isso, mas parece que ele nasceu para isso. Só faz merda, mas parece a pessoa mais fácil de se abrir do mundo. Ele é sucinto. ‘’ Você fez merda e pronto!’’. Nada mais. Parece até música. Péssimo gosto musical. O pior dos quatro. Esse não é preso pela sorte do destino. Escolheu uma algema mais racional que ele.

O alvo – O comédia do grupo. Sempre tem um. Talvez tenha nascido para isso. Nunca ligou. Ele mesmo ri da própria desgraça. Ele as vezes pede pela salva de tiros. A válvula de escape do grupo. O elo e a final. O mais diferente de todos. O mais igual a todos. Ele tenta... Esse é preso por um falso futuro.

Einstein disse que na velocidade da luz a massa tende a ficar densa. Nós voamos tão rápido que misturamos nossas massas. Nessa bola de diferentes ideias e diferentes opiniões vemos o tempo tender ao infinito... Que um dia todos nós estejamos presos a uma coisa só. Tem muita coisa para acontecer, talvez o final, talvez o novo começo. Let’s fly!

Solidão



Eu só quero parar. Por que eu insisto em continuar assim? Por que minha mão pesa para escrever? Eu só quero parar, eu só quero esquecer.

Não.

Não dá mais.
Não dá mais para fumar cigarros com falsas vibrações
Não dá mais para beber bebidas com falsas intenções
Ver nasceres de Sol sozinho...

Rap da solidão

É sempre assim, eu por eu mesmo
O Sol insiste em vim, quando eu peço com muito apreço
Para ele não nascer,
Para minha solidão não ter onde se esconder
Com a luz, a fumaça se espalha
O ouro reluz, mas a solidão é uma navalha
Que corta e deixa a carne ensangüentada
Que cura a alma de quem não tem mais nada

A solidão te faz escravo dela,
Te faz procurar alguém em cada viela
Faz você correr atrás da miséria, para se sentir maior
Faz você correr atrás em cada viela, para se sentir melhor

Mas você só vai se afundar
Vai tentar fugir um dia você se cansa de nadar
E não vai sustentar o seu vício agora
Que sua cara cortada agora ignora,
Mas faz favor: Cadê minha dose seu garçom?
Me dá meu tom, bota um som
Que eu continuo sempre em frente
Mas sempre parado
Os sóbrios para mim agora são só retardatários
Queimando álcool a rima vai ficando extensa
Não posso parar, só por insistência
O fim da garrafa chegou, paciência,
Volto para casa acompanhado de alguns mendigos, em ritmo de decadência...

O copo


Basicamente os psicólogos definem uma pessoa pessimista ou otimista com uma serie de perguntas (na verdade, pra mim, a idéia de psicólogo em si é uma grande idiotice. Esses idiotas te ajudam a resolver problemas que só você pode resolver.) e dentre uma delas está a maldita pergunta do copo. Essa pergunta é tão ridícula que eu começo a me coçar de raiva quando a mencionam.

’’ O copo está meio vazio ou meio cheio?’’

Não importa se o copo está cheio ou vazio, o que importa é o que tem dentro dele. Você se acha um pessimista? Encha meu copo de whisky e beba seu merda. Você é otimista? Deixe o copo vazio porque a vida também não é essa maravilha não, mas se gostar de beber encha essa porra toda também.
Aí vem a grande diferença entre o otimista e o pessimista, quando do copo do otimista está vazio ele olha o fundo do copo e vê satisfação, quando o copo do pessimista está vazio ele olha para o fundo do copo e se pergunta porque ele não é mais fundo. O pessimista sempre acha que poderia ser de um jeito diferente, pior ou melhor. Quando as coisas acabam não mudando ele surta e diz que a merda do copo está meio vazia.

Olhe o fundo do copo e veja o que você sente. I feel both...

sábado, 14 de agosto de 2010

Em busca de um bom (p)bar (sexta feira 13)

Éramos um quarteto em trio. Sim, isso existe. Nós por nós fazemos a festa. Fazemos de doses de álcool, altas gargalhadas. Era uma sexta feira 13, só por assim dizer já não era de se esperar coisas normais. Elas não vieram. Aliás, as coisas estranhas que a vida nos reserva insistiram em nos perseguir.

Eu tenho 17 anos. Eu só tenho 17 anos. Essa vai para quem vai sair com gente mais velha... Não saia! Hoje eu me senti uma criança... Mesmo tendo feito muito mais coisas interessantes do que as pessoas que me rodeavam. Mentes vazias, enchidas com meras ilusões e doses de álcool. Não beba para encher sua mente, beba para esvaziá-la. Drink to die, not to live.

Nosso trio de quatro(pessoas!) ficou iludido com possibilidades, não com fatos. Outra lei da madrugada: Não acredite em possibilidades, e sim, em fatos. Se nós tivéssemos continuado bebendo naquele lugar...

A gente não se contentou com a alegria e foi atrás da maldita felicidade. Esse foi nosso erro. Estava bom, para que sair? Nada de bom acontece depois das duas da manhã!
Enquanto você está muito tonto para dormir você pensa nessas coisas.

Enfim, hoje já é sábado 14. A sexta feira 13 passou, deixou nem a lembrança de outros tempos...

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Religião e doutrina


(Querem um conselho? Não leiam essa... nem sei pq eu botei, deu vontade. Vo tentar botar outra por cima o mais rapido possível)

Eu acho que eu estou ficando repetitivo falando sobre religião, mas dessa vez é diferente. Eu vou falar sobre uma grande diferença entre doutrina e religião.

Vocês já devem saber que eu não sou católico, mas vocês já pararam para pensar o por quê? A doutrina católica é totalmente falha. Eu nunca rezaria todo dia, nunca daria toda as graças do MEU trabalho para Deus, nunca me confessaria por fazer sexo com camisinha entre outras...

A doutrina de uma religião são seus preceitos, é o que faz você querer seguir e acreditar naquilo! A doutrina religiosa que eu mais me identifiquei até hoje foi a Rastafari. Eu já cheguei a ser vegetariano por algumas semanas, deixar o cabelo e a barba crescer e ver que Haile Selassie I fosse realmente o messias. Não que eu tenha deixado de acreditar nisso, mas moderei. Como carne e corto o cabelo, por isso não me considero um Rastaman.

Eu ainda sinto a divina vibração no reggae roots, minha música gospel... Ainda tento fugir da babilônia que insiste em nos seguir.
A maioria vai rir quando ler isso, mas os que, por exemplo, forem espíritas devem ter sentido alguma coisa que nunca souberam explicar. A vibração do reggae é uma coisa que eu não consigo explicar... Eu tenho pena de quem nunca sentiu isso.

Rasta fire burn!
Selassie is the truth!
King of Zion lead us!