domingo, 31 de outubro de 2010

libertação

Nunca vai existir a liberdade plena. A sensação de ultrapassar os limites é enganosa, porque sempre vão aparecer outros em seguida pra você se esbarrar, ou uma mão pra te puxar. Sabe quando uma criança pequena se aproveita da distração mínima da mãe pra sair correndo com um sorriso de satisfação no rosto, e é bruscamente resgatada pelo braço? Já teve um dos típicos sonhos freudianos, nos quais você tenta alcançar desesperadamente a porta no fim de um corredor (sem fim) de pisos quadriculados, e acorda? Conhece a constatação obscura de vazio quando alguma coisa termina?

A liberdade é de mentira. E talvez o limite seja a morte, e não o céu.

Por enquanto eu brindo à libertação forjada, que me encanta e me sossega.

sábado, 30 de outubro de 2010

O cigarro que me faz viver é o mesmo que me mata. Não por causar moléstias das quais a dor é tamanha que eu nem posso imaginar. O cigarro me mata por matar você dentro de mim. Meu suicídio não pode te envolver. Matar você dói que matar 100 de mim. Eu queria que você me entendesse. You just keep me warm, I can't live in cold. Neither all cigarettes in the world nor all cups of coffe I could drink makes me warm this much.

I'm a slave.

"Believe me I can play all the games, but I don't wanna play."

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

eu nasci de novo

Minha vista ainda está um pouco embassada. As lágrimas do meu choro não foram embora e o tapa do maldito médico ainda me faz gritar. Nasci da dor. Uma mão chorosa e egoísta que de herança só vai me deixar a própria tristeza. Quer me ensinar a não confiar em ninguém, mas eu sou corpo fechado. Eu não quero aprender.

Meu suicídio foi adiado. O quão engraçado pode ser isso? I really need some cigarettes.

"Pour myself a cup of coffee full of sober nights
Because nicotine and cafeine are my friends in this fight" Keep me warm - Ida Maria

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

ponto de vista

vc pode desbravar
ou ser envolido
vc pode ser desbravada
ou envolver

tudo depende do ponto de vista.

domingo, 24 de outubro de 2010

I charm and tell you
of all the boys I hate
all the girls I hate
all the words I hate
all the clothes I hate
how I'll NEVER BE
anything I hate

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Chorem

Todo bom choro se segue de uma boa reticencia. O silêncio que concretiza a dor e liquefaz em forma de lágrima. Toda boa lágrima se segue de uma língua. A língua que lambe o sal e para não perder viagem lambe o lábio. Toda boa língua se segue de uma mão que aperta e amassa como se fizesse um carinho, mas na verdade faz desgraça. Toda boa desgraça se segue de uma voz ofegante e de testas encostadas.

Chorem...

boa poesia

Eu pensei em escrever quatro versos
Uma boa metáfora para deixá-los concretos
A rima que faz a boca cortar
Esquece eu estou feliz demais para chorar...

Toda boa poesia termina em choro...

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

pernas

Os pés têm um contato bem sutil, quase imperceptível, assim como os joelhos. Pra lá, pra cá. Pra lá, pra cá. Eles também tocam levemente o chão, flutuam como se não tivessem a massa do corpo inteiro pra segurar. Às vezes eles se afastam, mas logo suas pontas se procuram, suaves.

As partículas de ar agora se movem de outro jeito, então os pés acompanham a tendência. As pernas também acompanham, têm vida própria. Primeiro inseguras, se esbarram. Depois, muito mais certas do que fazem, marcam o compasso e se cruzam, se cruzam. O pé esquerdo segue o outro, que é o pé direito do outro. Às vezes eles se afastam, mas se procuram com muita urgência. Não se confundem.

Sim, a música está ainda mais frenética e excita os tímpanos. O sangue flui no mesmo ritmo, levando as pernas. Pernas incansáveis, pernas desvairadas. Elas giram e são amparadas, se jogam no ar e se recolhem, tocam o chão com muita força. Elas pesam, mas não conseguem parar. Não podem parar. Não se afastam.

Então, subitamente, o ar congela. Quem roubou o som? Quem sugou toda a luz? Por que as pernas pararam? Quem as empurrou para um tubo de ensaio tão apertado? Não, nunca!

Não importa, não vão parar. Elas dobram e esticam, dobram e esticam, chutam, se expandem. E correm muito, pra muito longe, porque não podem parar. Primeiro o calcanhar depois a ponta dos dedos na grama molhada e a liberdade... As aparências são desnecessárias, assim como a coerência da coreografia, e também as roupas.

O vento, a umidade, o escuro, a tontura, o formigamento, o desejo. Agora as pernas se confundem. Não pesam mais.

sábado, 16 de outubro de 2010

I drink my mirror

Me peguei bebendo só. Brindando com o espelho. Conversando com meus próprios pensamentos. Loucura ou vício? Both.
Frases de efeito em inglês zunem na minha cabeça, me deixando atordoado. Meio cadente por causa do álcool.
Eu cortei minha mão. Consegui brigar com meu próprio reflexo. Quem mandou mostrar o que eu sou. Um solitário, inescrupuloso e bêbado sociopata. Me disseram que eu mudei. Se eu não tivesse mudado vocês não teriam nem me conhecido. Um brinde ao meu alcoolismo que me proporciona felicidade. É tão fácil quanto ler a mão de alguém com sangue passando pelas linhas.

"Don't take my beer, you can't let me sober..." Don´t take my beer - Black Drawing Chalks

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

abrir as portas

Por que os que fogem da realidade são tão mal-interpretados?
Fracos, lunáticos, ameaças à moral e aos bons costumes.

Se a mente é infinita e cheia de possibilidades, o pensamento não pode esbarrar na parede do crânio e voltar.

Além do mais, o tempo e os espaço são meus.
Eu permaneço nesse tubo de ensaio se eu quiser.

I could draw a picture

I looked at the mirror and a could draw. Maybe two pictures.

The first one, an old man with a write machine, a cigarette on the corner of the mouth. Writing facts of your life with a smile in the face, remembering the crazy things that he had already done. His face is all mess up. Scars all over the place. The chest is open. His hearth almost stopping, beat easy. That black chest was waiting the last word, the last swallow, the last smoke, the last breath.

The second one is a boy. With a squared shirt, a cigarette in one ear and a hole in other. A gun in one hand and a bottle of red wine and other. That boy is that old man.

Nothing more to say about him. I prefer talk about me in the future. If I get there.

“Have you been drinking son? You don’t look old enough to me…” – Riot van – Arctic Monkeys

My life is a friday night

Nós não sabemos onde pode começar. Muito menos onde termina. Mas sempre existe a possibilidade do sono chegar.

Minha vida é uma sexta-feira à noite. I can drink and smoke without think on tomorrow but it always comes. Always. The tomorrow comes everytime. My Friday ends in a Monday morning. Don’t feel sorry for me. When my Monday ends. My Saturday starts. Envy me ass suckers!

" Não se esqueça que a vida é boa! Ela é foda! Pode até faltar uma engrenagem na roda... Eu estou sempre a caminhar junto com meu orixá e ele vai me acompanhar pra onde eu andar." Sempre a caminhar - De leve

sábado, 9 de outubro de 2010

More coffe please...

Mais café. Eu preciso ficar acordado. Minha vida tem se passado enquanto eu durmo. Se ao menos eu sonhasse...

De minha vida real faço meu sonho de cada dia. Cada pedra de meu caminho faço um pesadelo de qual solução é simplesmente acordar. Uma dose de epinefrina seu dotô! Meu coração tende a parar. Quando mais feliz mais devagar. Ele é pequeno para tanta alegria. Mas pára de brigar seu dotô. De viciar só o trago depois do lanche. A labuta na tábua do bar...

Me bate na cara seu dotô. Desculpe por depois te atacar. É porque eu preciso continuar a sonhar... Mas a gente precisa dormir né seu dotô?

Cancela o café e me manda um suco, bem forte, de maracujá. Vou ter que parar de sonhar e voltar a morrer...

"Um minuto anda a mais, agora tanto faz." - Justamente - Mombojó

Odisséia

Era uma vez,
de tanto correr cansou
E foi... Feliz para sempre.

(não estou copiando Marcela. Só foi uma inspiração!)

"De vez em quando eu esqueço a importância de lutar" - Novo dia - Ponto de Equilíbrio

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

passagem


Muitos já escreveram sobre o quanto a vida é breve e sobre o medo da morte. O medo de ir sem ter aproveitado. Outros, desejam a morte. Escrevem sobre a paradoxal saudade que sentem dela, ou sobre como seria bom se chegasse logo (meus caros leitores talvez se recordem de célebres autores da nossa literatura). Eu sei é que certas angústias pairam como moscas na cabeça de todo mundo, pelo menos em algum período da existência do indivíduo, e se ele não tem o hábito de escrever, fala pro espelho.

A minha não é exatamente a morte. Talvez porque eu nunca tenha perdido alguém próximo. Talvez. O que me consome de verdade é a passagem do tempo. Não que eu ache envelhecer seja algo terrível, ou que a minha preocupação seja com o corpo, que ficará cada vez mais limitado. Eu tenho medo é de me perder. De não me lembrar de quem eu era, de não fazer mais sentido pra mim mesma.

O que hoje é importante daqui a dois minutos pode não ser. E não digo isso porque é clichê. É constatação avassaladora, daquelas que a gente tem vendo um filme, ou sei lá. Tenho certeza que eu não sou a única no universo a ter percebido que um dia a gente deixa de ser o que era. Às vezes é bom, às vezes é cruel, mas é incontrolável. Todo mundo sabe disso. A vida vai voando bem nas nossas fuças. Alguns não dão importância, mas eu dou.

Não queria ter perdido a beleza da infância. Sinto falta do tempo em que tinha um mundo encantado na cabeça – eu acho que ainda o tenho, mas ele anda me fechando as portas - e achava que dentro do semáforo havia pequenos soldados de chumbo escolhendo as cores. Queria poder ter conversas com animais e brinquedos e ter a certeza de que eles estavam me respondendo – e aqui me refiro às certezas das crianças e não dos esquizofrênicos. Queria ter de novo a sensação que o dia era loooongo, quase eterno, e que eu nunca ia ficar como aqueles adultos malucos, chatos e estressados.

Eu não tinha consciência de que aqueles sentimentos um dia iam se perder, mas hoje tenho. Daí vêm o pavor e a ânsia. Medo de ficar adulta e me esquecer de tantas sensações boas que carrego por esses tempos. Ah, adolescência! Coragem pra arriscar. Ousadia pra seguir os instintos, as vontades. Rebeldia sem causa, tantas vezes. Sonhar com os pés pisando em nuvens. Tudo tão fácil - ou nem sempre - e tão imediato. A loucura, as experiências... Será um dia nada disso vai fazer sentido? Vai parecer absurdo ou inalcançável? Oh, mundo cruel.

Tenho que guardar tudo numa caixa mágica e engolir, porque quando eu precisar do que tenho de melhor, vou saber onde procurar.

Ou fica velho ou morre cedo, dizem por aí.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Tenha pena de quem não sente

Eu acabei de ouvir o novo cd de Ponto de Equilíbrio. It's great. É THC em forma de som. Eu fico sem palavras para descrever the posive sensation that I felt. The positive vibration that made my body swing, and swing. Selassie bless the reggae! The Dub is the flow. The ragga is the roll. I'm just and sinner. Jah is the truth...

" O som do meu tambor não faz mal a ninguém
Deixa RUFAR! " - Ponto de Equilíbrio - Reggae de terreiro

O jogo vira

É simples xadrez. Eu estou cansado de tomar check. Meu rei só cambaleia, cambaleia. É hora de virar o jogo. Simples. É só girar a mesa. Caio é um péssimo xadrista. Caíque pode ser muito violento mas o jogo dele tem dado certo. Eu te avisei para não jogar com as peças erradas...

Espere o xeque-mate como um leão embaixo de uma árvore. Saiba que por mais que a batalha seja longa o único e mais ferido sempre é o mais fraco...

"O bonde dos amigos invadindo o bonde dos irmãos
Tanta guerra para nada! Para nada!" O que eu vejo - Ponto de equilíbrio

domingo, 3 de outubro de 2010

drama da noite

"And you woke up together not quite realising how
Oh but he's stretching and yawning
It's always hard in the morning

And I suppose that's the price you pay
Oh it isn't what it was
She's thinking he looks different today
And oh there's nothing left to guess now

Quick, let's leave, before the lights come on
'Cos then you don't have to see
'Cos then you don't have to see
What you've done"