quarta-feira, 29 de setembro de 2010

escolha

Quando pequenos, seu irmão caía de bicicleta e ela chorava. Quebrava um dente e ela chorava. Tomava bronca de um mais velho e ela chorava. Ela saía correndo da cena em direção à porta mais próxima e se escondia entre a parede e a madeira, as lágrimas fluidas. Perguntavam-lhe o porquê daquilo, mas era nova demais pra se explicar.

Hoje, o vê bater a cabeça na parede, sentar em ponta de faca, devorar as próprias entranhas. Ela mantém o hábito de fugir, mas agora não há lágrimas. Não é que a dor de outrora não exista mais, nem que aquela coisa de irmãos tenha acabado. É que antes ele não tinha escolha.

Agora os dois têm.

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