quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Pingo


''Esse não é meu não, mas é de uma companheira de desgraça...''

Uma manhã nublada dentro do carro e o mesmo caminho de sempre. A chuva tinha passado, mas ameaçava cair a qualquer hora.

A janela do carro estava aberta e eu sentia aquele vento úmido no meu rosto. Estava perdida, de novo, em meus pensamentos. Estava no meu mundinho particular... Só meu.
Na metade do meu caminho percebo que estava perto de cruzar com o caminho dele. Ele ainda não havia passado, mas estava chegando. Eu não via (miopia de merda, mas eu sentia. Cada vez mais perto.

Fiquei olhando insistentemente, procurando-o. Quanta agonia! Aquele segundo parecia nunca passar. Quanta coisa passou pela minha cabeça, quantas coisas pensei, mergulhava mais e mais no meu mundo. O que eu faria se nos cruzássemos? O que diria? Ignorar ou sorrir? Milhares de opções e um segundo apenas.

De repente, sem dó, sem piedade, fui arrastada bruscamente de volta para a realidade, tiraram-me do meu mundinho. Quem seria tão mal de fazer isso? Senti minha testa molhada. Percebi que um pingo havia caído em minha testa. Que ódio senti daquela insignificante gota de água da chuva.

Mas a raiva só durou milésimos... como a viagem de volta para a realidade. E vi, enquanto limpava os respingos em minha testa. Aquele pingo, não foi só mais um de todos que já me atingiram ou irão atingir, ele foi preciso.

Aquela gota viu-me desesperadamente presa em meu mundo, aquilo estava tornando-se
doentio. Ela precisava tirar-me daquela situação... Ilusão. Ela não queria acabar com meu mundo. Não. Apenas queria tirar-me de lá naquele momento, naquele instante, naquele segundo em que cruzei novamente aquele caminho.

By: Kty O.

0 comentários:

Postar um comentário