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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

sobre homens (e) idiotas

Fui absolutamente irresponsável, já sei. Foi arriscado demais sair do ballet e andar por ali às dez da noite, pois aqueles 50m que percorro sempre são MUITO desertos. E o meu collant preto, coque no cabelo e bolsa gigante no ombro esquerdo não ajudavam a criar uma imagem de "gostosona" [e quando digo gostosona, quero dizer o contrário de frágil].

Eu nunca faço isso, mas fiz. Respirei fundo e saí andando com os olhos erguidos, até que um idiota vai enconstando o seu carro do ano ao meu lado. Eu olhei, inocentemente, pois achava que ele queria informação. Quando já estava em casa, me dei conta do perigo que corri e entrei em pânico, mas isso não vem ao caso, já que a natureza foi muito gentil comigo e o máximo que me aconteceu foi um profundo aborrecimento.

O cara era daqueles estilo "bombadões", provavelmente de anabolizante, com cara de pouco cérebro. Se achou no direito de dar em cima de mim, já com aquela pose de irresistível, como se eu estivesse interessada. Continuei seguindo o meu caminho e ele falou mais besteiras, mesmo que eu dissesse que não queria papo. Depois me chamou de mal-educada. Depois disse que não estava dando em cima de mim. Que só parou por educação. Me xingou de mais alguma coisa [perceberam a educação?]. Por fim, disse que não gostava de mulher anoréxica. Eu soltei um "que bom" e segui meu rumo, bravamente. Ele foi embora. E eu pensei: EU PERGUNTEI ALGUMA COISA, PORRA?

Eu dei alguma liberdade pra aquele cara? Eu disse que precisava da eduacação dele? Que mania irritante do caralho desses porras que tem a inteligência entre as pernas ou nos braços, ainda não decidi, de achar que todo mundo tá dando mole pra eles!! Isso é coisa de gente com baixa auto-estima, na boa. Daí quando vem alguém que não está nem aí, é louca, puta, ou anoréxica. Vai procurar alguém do seu naipe, mermão, que curta as mesmas coisas que você. Eu sou de outro mundo, de outro meio, de outro tempo. E anoréxica, não. Parar de comer é pra caretas. Os bons comem até ficarem empanturrados e depois vomitam. Muito melhor.

O que me dá raiva, é esse povo achar que é superior e que pode mexer com os outros na rua. Ele só fez aquilo pq estava dentro de um carro legal, e de um corpo legal [na concepção dele], não pq esperava que eu fosse dar mole. E isso é ridículo. Como se todo mundo tivesse que ter as mesmas opiniões. Ridículo.


OBS: tô ligada que se fosse outro, eu podia ter morrido. foi só uma brincadeirinha besta, ainda bem.
OBS 2: eu não sou bulímica.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Esses muleque não têm medo de morrer...

Ele apanhou. Apanhou e morreu. Sangrou sem ajuda médica. Quem bateu acusa de assalto. Há os que defendam e falem '' se fosse com você, você também matava.''. E se fosse você que estivesse apanhando? Se você precisasse se drogar para conseguir aguentar o frio de madrugada e o calor do meio dia? Se fosse você que todo dia tomasse enquadro de polícia mesmo sem ter feito nada, só por andar mal vestido?

Quem merece morrer é quem tem escolha e escolhe o mal. Sim, ele podia não assaltar. Podia baixar a cabeça para o sistema e carregar peso que nem um burro de carga. Se fosse eu? Eu ia bater de frente também.

''Já tá na hora de tomar o chicote do capataz'' - Pelo amor (Projota)

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

20 agosto de 2010 (by: Marcela Aragão)

Esse texto não é meu, é de uma grande amiga minha que deu ele de presente para o blog. É de uma genialidade sem igual. Tomara que mais desses venham... Valeu Marcelinha!
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Dia desses fui pega de surpresa quando voltava pra casa. Olhos distantes, cabelos ao vento, pensamento suspenso no ar, e de repente a cena. Como eu queria uma câmera, pra registrar aquilo não somente no refúgio da minha mente. Queria poder compartilhar com o mundo, para saber se alguém mais veria o que eu vi. O impacto de uma imagem é muito maior do que o de simples palavras roucas.

Pode parecer bobo, mas o conceito de arte é assim mesmo. Cada um a sente de um jeito, o estranhamento que ela provoca é muito particular. Eu sei o que eu vi, e sei como me senti numa terça-feira qualquer. Senti-me despedaçada, e enxerguei-me naquela mini boneca de pouco mais de seis centímetros.

Largada no sol a pino de uma da tarde, sem nome, sem documento. Deitada de bruços no chão, os cabelos mal tratados, e juro que vi os braços dobrados. Vi uma morta, uma suicida, uma escondida, aterrorizada. Vi uma garotinha desolada no corpo frágil daquela boneca. Quem seria sua dona, sua tutora? Tinha a obrigação de protegê-la, não tinha? Desviei o olhar. Eu não podia continuar invadindo a sua intimidade, tinha que ir embora. A dor daquela bonequinha era densa demais.

Quem disse que precisava ser bonito? Quem disse tinha que ser agradável olhar pra aquela fotografia? Nem sei se ela estava atropelada. Também não sei se sua ausência foi sentida. Teria sido ela descartada? Sequer sei se alguém mais no universo – ou sem exageros, naquela esquina – viu o que vi. Sei que me percebi ainda mais sozinha, ainda mais incompreendida – não tanto quanto ela, é verdade. O que ela pensava? O que eu penso? Tenho medo de uma certeza que me consome: o que eu vejo quase ninguém vê.

Aliás, alguém me vê? Porque atualmente, nem eu me vejo.

OBS: Quando passa um mendigo na rua, com a fome estampada nos gestos e o desespero explícito nos olhos, você nota?

Marcela Aragão