quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

ausência

O que eu sentia era raiva. Misturei com ansiedade, com medo, com tristeza, mas era raiva. Raiva daquelas que se sente quando não dá pra entender. Porra, por quê? Que raiva, que raiva! Por quê? Tudo gritava na minha cabeça, me arranhava por dentro do peito, eu precisava gritar. Agora. Espere, olhe ao redor, agora não dá, você está no meio da feira, no meio do povo, você não pode atirar o que está segurando na mão, guarde no bolso, agora, guarde. Guardei, e a raiva não explodiu.

Eu a engoli mais uma vez. E - sorte a minha! - não me escapou nada pelos olhos hoje. Parece que tudo congelou. Congelou! Meus olhos ficaram frios, muito frios, a cabeça meio pendida pro lado, eu não piscava, não via nada, os braços ao longo do corpo, as pernas meio tortas, eu não piscava, congelada. Muda.

Algumas unidades de tempo, e pronto, descongelei.

[Engoli, uma hora vou ter que vomitar]

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