terça-feira, 31 de agosto de 2010

Dadaismo


Dadaismo é uma antiga vanguarda européia baseada na desconstrução. Desconstrução é meu sobrenome...

(Poema tirado de um saco plastico recheado de palavras aleatorias. Dizem que dois pontos quaisquer formam uma reta. Por que nao duas palavras quaisquer fazerem algum sentido...)

Rebeldia

Carnaval, visual
Limao, mergulhar
Converse, use cores
Quase como tchau
Aprender livre
Gandhi
Naturalmente, ensinar

Vida real
Por ai, despenteia

Meninos usam coracoes
O mar de verao
Olho realizado
A seu num amor (a frase mais dadaista de todas)
Elas, paginas
Sonho, rock

Ir...

Um gole, um cigarro e um carinho

Depois do ardor, o frio na garganta. Deixa sair pelo nariz. Aquilo vai te seguir o dia todo. Um beijo na saída. A endorfina te puxa, mais uma antes de sair. Chega atrasado no trabalho, é chamado do vagabundo. Ele é mesmo. Tem coisa melhor? Quem fala do vagabundo tem inveja dele. Vocês precisam trabalhar. O trabalho do vagabundo é viver. Correr atrás de mais um trago, mais um golinho, só mais um carinho.

Só mais um carinho...

Quando eu rezo eu aumento o som.


Canto como se fosse em prece. Balanço a cabeça como se imaginários dreadlocks batessem na minha cara em sinal de redenção. A música é algo inexplicável. Sério, eu preferiria ser cego a ser surdo. Eu preciso ouvir. O timbre de uma antiga guitarra, um bumbo duplo soando com delay, splashs seguidos na minha cabeça, cordas, metais, tudo!

Eu preciso ouvir, só. Não preciso entender. Uma boa frase tem ritmo. Uma boa frase é aquela que você sente a dor no teto do cérebro, que você se retorce quando ouve, que você chama de genial. Uma boa frase não precisa fazer sentido. Só precisa ser carnal.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

pisque os olhos

Acho impressionante como vivo mudando o tempo inteiro. Mudo das mais diversas formas, sutilmente ou nem tanto. Mudo até sem perceber, aí me perco de quem era há um segundo. Dizem que se não houver mudança, a passagem do tempo não tem sentido. Concordo plenamente.
Mas não vim aqui falar das várias maneiras pelas quais se alcança o desconhecido. Experiências fantásticas, boas ou ruins, lugares novos, pessoas diferentes. Fatos escandalosos, que o mundo à sua volta percebe a diferença. Eu me refiro às bobagens que ocorrem como um estalo. Algo de você pra você mesmo, uma percepção.
Minha mãe falou que estava passando um filme na televisão chamado “Os amores de Picasso”. Eu respondi um monossílabo e fiquei mergulhada em outros pensamentos quando fui invadida pela seguinte constatação: NUNCA pensei em Picasso como um homem. A imagem dele como célebre pintor – já tão conhecida por todos – se sobrepunha a tudo de tal forma na minha mente, que nem me dei ao trabalho de imaginar como ele era. Se seus olhos eram densos ou frios, se era alto ou magro, se tinha filhos ou amantes tórridas. O via simplesmente como aquelas telas dos livros e revistas.
Que direito eu tenho de ignorar a imagem verdadeira de um homem só por causa da que lhe foi atrelada? Será possível que certas carapaças são tão espessas que só conseguimos enxergar a superfície? Isso é um crime, dos cruéis. Nossos políticos são homens com família e encanamento vazando em casa. Os professores têm filho doente, sabia? A vendedora que você destratou terminou com namorado na noite passada. O jardineiro tem um irmão viciado em cocaína. Mas você tem a audácia de só enxergar eles por fora. Você só vê o que eles fazem. O que eles parecem. Quem quer ver o avesso do outro?
Se digo que mudei, é porque meu olhar mudou. Vou ousar enxergar o outro ainda mais. Tentar ser menos egoísta. Coisa minha mesmo, não vou esperar a mesma postura de ninguém. Cada um acorda na hora que quer.

Às vezes eu me sinto mortal

Quando avançamos o sinal ou quando não paramos no quebra mola. Quando passamos do 100. Eu me sinto mortal e isso é desesperador. Não que eu tenha medo de morrer. Eu tenho medo de não mais existir. De sumir da cabeça das pessoas. De ser uma lembrança vã de um alucinado.

Eu fecho o olho diante da morte. Finjo que ela nem existe. Eu sou imortal, todo santo dia. Quando eu sinto que não tenho o controle sobre a minha vida, eu morro.

Can you just slow down? NO!
Another day I can leave and never come back.