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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

passagem


Muitos já escreveram sobre o quanto a vida é breve e sobre o medo da morte. O medo de ir sem ter aproveitado. Outros, desejam a morte. Escrevem sobre a paradoxal saudade que sentem dela, ou sobre como seria bom se chegasse logo (meus caros leitores talvez se recordem de célebres autores da nossa literatura). Eu sei é que certas angústias pairam como moscas na cabeça de todo mundo, pelo menos em algum período da existência do indivíduo, e se ele não tem o hábito de escrever, fala pro espelho.

A minha não é exatamente a morte. Talvez porque eu nunca tenha perdido alguém próximo. Talvez. O que me consome de verdade é a passagem do tempo. Não que eu ache envelhecer seja algo terrível, ou que a minha preocupação seja com o corpo, que ficará cada vez mais limitado. Eu tenho medo é de me perder. De não me lembrar de quem eu era, de não fazer mais sentido pra mim mesma.

O que hoje é importante daqui a dois minutos pode não ser. E não digo isso porque é clichê. É constatação avassaladora, daquelas que a gente tem vendo um filme, ou sei lá. Tenho certeza que eu não sou a única no universo a ter percebido que um dia a gente deixa de ser o que era. Às vezes é bom, às vezes é cruel, mas é incontrolável. Todo mundo sabe disso. A vida vai voando bem nas nossas fuças. Alguns não dão importância, mas eu dou.

Não queria ter perdido a beleza da infância. Sinto falta do tempo em que tinha um mundo encantado na cabeça – eu acho que ainda o tenho, mas ele anda me fechando as portas - e achava que dentro do semáforo havia pequenos soldados de chumbo escolhendo as cores. Queria poder ter conversas com animais e brinquedos e ter a certeza de que eles estavam me respondendo – e aqui me refiro às certezas das crianças e não dos esquizofrênicos. Queria ter de novo a sensação que o dia era loooongo, quase eterno, e que eu nunca ia ficar como aqueles adultos malucos, chatos e estressados.

Eu não tinha consciência de que aqueles sentimentos um dia iam se perder, mas hoje tenho. Daí vêm o pavor e a ânsia. Medo de ficar adulta e me esquecer de tantas sensações boas que carrego por esses tempos. Ah, adolescência! Coragem pra arriscar. Ousadia pra seguir os instintos, as vontades. Rebeldia sem causa, tantas vezes. Sonhar com os pés pisando em nuvens. Tudo tão fácil - ou nem sempre - e tão imediato. A loucura, as experiências... Será um dia nada disso vai fazer sentido? Vai parecer absurdo ou inalcançável? Oh, mundo cruel.

Tenho que guardar tudo numa caixa mágica e engolir, porque quando eu precisar do que tenho de melhor, vou saber onde procurar.

Ou fica velho ou morre cedo, dizem por aí.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Língua na orelha, gelo no copo e solidão de 2

-Memórias de um bêbado

Essa não é a minha história, essa história foi de ontem. Hoje, eu não sou aquele. Copos de vidro. Malditos copos de vidro. Eles brilhavam tanto... Aquelas lindas pedras de gelo que nadavam no whisky. É até aí onde eu lembro, a partir de agora são só flash’s.

Quinto copo – Uma mordida no lábio(daquelas que quem já pôde provar sabe),fui levado para um pub sujo e imundo, pelos lábios, onde ouvi no toca disco um bom e velho Rolling Stones.

Décimo copo – Sintomas se agravando, menos um maço, um garçom revoltado e a dona da mordida não parava de me atiçar.

Fim da garrafa – Daí eu me lembro muito pouco. Lembro que eu comecei a apagar os cigarros no meu próprio braço (auto-flagelamento alcoólico). Trouxe a bela dama para casa. Não me lembro de abrir a porta. Lembro de tocar Los Hermanos no violão(que por sinal amanheceu quebrado).

Eu tenho um ouvido muito bom e os sons que me recordo daquela noite são simplesmente traduzidos em uma frase: ‘’Língua na orelha, gelo no copo e solidão de 2’’
Ps: Não sei o nome dela, nem lembro a cor do seu mamilo, mas se eu vê-la na rua eu a mato! ELA QUEBROU MEU VIOLÃO! (espero que tenha valido a pena! kkkkkkkk)